O Projeto Bicho de Rua e a minha experiência com o trabalho voluntário nas redes sociais.
Quero falar de uma coisa da qual tenho participado e que até então não tinha parado para escrever. Um pouco, é claro, por ser um atividade recente, o que não me permitia avaliar muito bem o que se passava e, também, estava envolvida demais e aprendendo muito para fazer essa análise mais elaborada. Continuo envolvida e aprendendo sempre mais, mas hoje tenho uma visão mais clara do todo, por isso venho planejando escrever sobre isso, penso que chegou a hora.
Há aproximadamente seis meses me candidatei para um trabalho voluntário na Ong Projeto Bicho de Rua, uma ong que trabalha pelo bem estar animal. Ofereci-me para atuar nas redes sociais, por ser um campo de trabalho que vinha me interessando. Para a minha alegria, em pouco tempo recebi a oportunidade de trabalhar com a pessoa que administra o site e que promove as ações no Twitter e assim começou a minha jornada.
Poucas pessoas sabem o quão valioso e promissor é o trabalho voluntário. O nível de exigência e de comprometimento é igual ou maior ao de um cargo no mercado convencional. Já nos primeiros dias como voluntária recebi a tarefa de expandir a atuação da ong nas redes sociais. Criar páginas e comunidades foi muito simples, decidir as estratégias exigiu e ainda exige um pouco mais, mas na hora de começar “de fato” o trabalho é que travei. E não era para menos: cabia a mim, uma recém chegada, interagir com pessoas que esperam as “verdades” de uma instituição reconhecida pela sua idoneidade.
Nessa experiência tive contato com algo inédito até então: atuar como profissional que pensa e age. Muito diferente das atividades operacionais, automatizadas que havia praticado até então. Com a Bicho de Rua tive a oportunidade de me posicionar como administradora da ong e pensar como torná-la mais influente respeitando as suas limitações, seus valores e a sua missão. É claro que não fiz isso sozinha, recebi orientação, mas sempre depois da indicação do caminho, era eu quem decidia como ele seria percorrido.
Mas isso não foi o bem mais valioso nesse trabalho. O que se ganha com o trabalho voluntário que dá certo é muito maior e sutilmente encantador. A cada resposta positiva e, principalmente, a cada animal adotado, a sensação de dever cumprido é maravilhosa. Saber que eu contribuí para que amigos “humanos e bichos” se encontrassem, que as pessoas se divertiram em transmitir as ideias propagadas pela ong, gera uma satisfação que dinheiro algum pode comprar. Ver que o fruto do teu trabalho rende bem estar para pessoas e animais, definitivamente, não tem preço.
Não bastasse isso, fui acolhida no mercado de trabalho graças ao belo portifólio construído a partir da atuação nas redes sociais em prol de uma organização não governamental. Tem muita gente no mercado querendo ganhar dinheiro com rede social. Todas as que já tentaram esbarraram num obstáculo: envolver as pessoas de forma que se interessem pelo que se escreve, se faz, leva muito tempo. Alguns usam sorteios e tentam “comprar” a audiência, o que as vezes até funciona.
Mas numa ONG o que queremos distribuir é bicho pra ser adotado, pra dar trabalho. O que queremos é que as pessoas doem dinheiro, doem objetos, doem o seu tempo, o seu RT, que nos curtam por “nada”. É como no marketing, só que sem a troca. O fato é que arrecadamos dinheiro, coisas, conseguimos adoção para animais. Tudo base no diálogo, na construção de relacionamentos verdadeiros e de muito bom humor. E se conseguimos isso “de graça” imaginem o que podemos conseguir de posse de algum recurso? E é por isso que uma experiência como essa é tão valiosa.
Mas isso só é possível porque numa organização não governamental, porque em geral elas não têm muito recurso e se entregam as oportunidades, acreditam em quem lhes oferece ajuda. No fim, quando os resultados aparecem, os profissionais envolvidos são colocados numa vitrine e, acreditem, a corrente do bem não falha!
O curioso é ver que tive acesso a pessoas incríveis graças ao trabalho voluntário, portas se abriram e, pasmem, o que me deixa mais feliz hoje, em meio a isso tudo, é saber que desde o início deste ano 332 animais encontraram um lar e que 21 que haviam se perdido voltaram para casa. Eu não fiz isso sozinha, nem mesmo a ong o fez. Mas reunimos pessoas, nos relacionamos com elas e juntos, ajudamos. E o legal é saber que faço parte de algo tão grandioso.
:)