Hoje Renato Russo faria 53 anos. Nascido em 27 de março de 1960, o cantor, compositor e vocal da banda Legião Urbana, foi um dos rebeldes da época de ouro do Rock Nacional. Renato e a Legião são do tempo que o Rock falava de amor, mas sempre tinha espaço para o protesto, e mesmo as canções de amor falavam da ironia, da corrupção e das mazelas desse mundo corrupto de desumano em que vivemos.
Há quem diga que ele foi um fraco por ter desistido da luta contra a AIDS, mas eu tenho uma visão diferente sobre isso tudo. Via no Renato uma sensibilidade tão profunda, do tamanho do cansaço de entender ou de mudar o mundo a sua volta. Acredito que ele viveu demais, tão intensamente, e deixou um legado tão importante, que não merece ser julgado por essa "escolha", se é que ela de fato existiu.
Pra mim ele foi um herói. Numa época em que eu não tinha palavras, em que meus sentimentos estavam trancados em mim pelos transtornos da adolescência, ele foi a minha voz, muitas vezes deixei ele falar por mim. As letras de protestos dele apoiavam (e ainda apoiam) a minha ideia de que esse mundo está perdido, que está tudo errado, e era nas letras e canções dele que eu encontrava consolo. Sabia que não era a única, a legião era imensa, e ouvi-la me confortava.
Mas a Legião, e o Renato Russo, significa muito mais do que isso, representa uma fase da minha vida: desde a família reunida em volta do toca-discos para ouvir junto com amigos aquelas obras literárias em forma de canção, até a minha infância. Lembro da hora do almoço, minha irmã cozinhando e ouvindo rádio, as mais pedidas da manhã, sempre tinha música da Legião. Lembro da fase que o meu objetivo de vida era decorar Faroeste o Caboclo, copiei a letra do encarte, li e reli. Aprendi aos dez anos de idade. É nostálgico, e reconfortante e tão atual ouvir Renato Russo, que esse é um hábito que nunca perco.
Já ouvi pessoas calculando a minha idade comparando com a fase de ouro do Rock oitentista, alegando que eu não peguei essa fase. Pura bobagem. Por sorte a música é atemporal, e fui resgatando cada nota e verso, conheço tudo, gosto de quase tudo, identifico-me com inúmeras canções. Eu vivi a era de auge da Legião, idolatro Renato Russo, e ponto.
Lembro como se fosse hoje do dia em que ele se foi. Lembro-me de tudo que estava fazendo naquele dia. Foi um dia triste demais. Era como se o meu interlocutor tivesse me abandonado... Mas, a música ficou. Hoje o que me entristece é saber que a mídia nem lembrou desta data, nem a MTV, não que eu saiba ou tenha visto. Por isso fiz questão de vir até aqui e não deixar essa memória tão significativa se apagar.
Renato Russo está de aniversário, a música está viva!
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