Acordo com pedidos desesperados de socorro: "Clooooover!!!" Imediatamente penso: droga! Estou atrasada! Levo algum tempo ainda para criar coragem e sair da cama, mas o "três espiãs demais" acabou e preciso dar um jeito na vida para o resto do dia, sem um pingo de remorso por ter deixado afazeres de lado, muito menos por não ter lido uma página sequer do texto para segunda-feira, ou estudado para a prova, ou para o ensaio que preciso escrever.
Na noite anterior fiquei jogando Jewel no celular e fiquei compreguiça de "chapar" o cabelo, deixei para o dia seguinte. Então, em frente ao espelho, ajeito as madeixas e me impressiono: como ficaram bons!
Ainda "sonâmbulando" acordo na fila do supermercado onde uma atendente nada simpática está parada olhando para o infinito. A frente dela um senhor de meia idade aguarda a solução parao seu problema: quer efetuar o pagamento (R$3,79) com o cartão de débito da caixa e apareceu "erro 51: não autorizado". Volta e meia a atendente aperta uma campainha, a qual mal podemos ouvir estando ali em frente dela, muito menos a sua superior imediata, a qual eu avistei tagarelando e se galinhando para os meninos num balcão quase na saída, há uns 10 metros de nós. Imediatamente penso: Gente irritante! - Junto minhas coisas, dirijo-me para outro caixa, demoro muito além do que gostaria, mas "azar".
Depois de almoçar e arrumar as minhas coisas, saio rumo as obrigações que não posso deixar de cumprir. Ao primeiro passo rumo a liberdade, a vizinha maluca me faz uma pergunta: Você entende alguma coisa de justiça? Obviamente respondo sem pensar: Nada! - Achei que fosse me livrar mais fácil, mas pra ela tanto faz a resposta, ela quer é falar, fala até sozinha a coitada. Então ela iniciou o seu monólogo e eu só conseguia prestar atenção no que ela falava para tentar identicar o ponto final, ou um ponto e vírgula que fosse para sair correndo. Penso imediatamente: Que droga! Hoje é o meu dia!
Assim que me livro dos assuntos de justiça da vizinha estranha, olho para o céu e deparo-me com uma nuvem imensa e negra que se aproxima na velocidade do vento, o qual revira meus cabelos, aqueles que haviam ficado perfeitos. Sem pensar, porque o atraso já era grande, fui me dirigindo a parada do ônibus (parece redundância para gaúchos, mas é preciso para os leitores do restante do país, aqui não se diz "ponto" e me nego a escrever dessa forma) ao me aproximar da avenida, lá se vai o T8. Eu conheço aquele formato de ônibus, só pode ser ele. Imediatamente penso: que se dane!
Aproximando-me do vale, lá estão elas, gotículas de chuva respingam os vidros das janelas do ônibus, imediatamente penso na sacola em que acomodei o meu lanche da tarde: se não tiver outro jeito, atravesso o campus com a sacolinha na cabeça! Só eu sei a dureza que é cuidar para que os cabelos fiquem assim.
O restante do dia transcorreu serenamente, quase perdi o T10 a caminho do trabalho, recebi uma notícia nada agradável, mas compreensível. Tive que começar a rever meus conceitos e repensar as metas pré-estabelecidas. A cada dois meses parece que tenho que mudar tudo mesmo, já estou acostumada!
Deparei-me hoje com informações no twitter e resolvi pesquisá-las, para ver qual o fundamento, para saber o porquê de certos comportamentos. Foi então que me aliei a Franscisco Rüdger, o qual banaliza e ridiculariza redes sociais e seus participantes. Como pode um estudioso da área de cibercultura, que tanto tem a acrescentar, de repente, seguir e se aliar aqueles cujo esvaziamento intelectual já se deu por completo e repetir um "vírus" tão imbecil? Cada vez mais reafirmo a minha hipótese de que esse tal de twitter veio para esvaziar a leva que ainda não se esvaziou por pura teimosia. E me deixa estupefata a idéia de que pessoas com tanto conhecimento e experiência acadêmica consiga realmente se aliar a esse meio! Será caso de estudo se houver o esvaziamento, e se isso acontecer, quer ser uma das estudiosas envolvidas.
E o que essa conclusão tem haver com a minha crônica de mais um dia como todos os outros? Ora! Simples... Ela é tão vazia quanto.