Quem se importa se eu minto, se finjo ser o que não sou para me proteger, para me esconder ou para o que quer que seja?
Quem pode estar interessado, se nesses anos de vida tudo o que vejo parece não ser importante se não estiver relacionado com o outro?
De que adianta estudar as pessoas e as relações humanas se, no final das contas, não podemos dizer o que sabemos, se precisamos ficar quietos para ser socialmente aceitos, viver em paz e arrecadar umas moedas baratas que não compram coisa alguma, apesar de terem nos custado muito suor do rosto?
Não, esse não é um discurso pessimista, sequer realista - é apenas o desabafo de alguém que tem passado dias ótimos pura e simplesmente por fechar os olhos a maldade humana, aos ditos "problemas do mundo". Sabemos que todos os problemas estão relacionados aos seres, que são eles, os habitantes desse planeta os responsáveis por tudo o que acontece.
Emporcalhamos a nossa própria casa, enviamos porcarias para o espaço, tiramos os animais do seu habitat e os incluímos no vício capitalista, viciando-os em comida industrializada, acabamos com seus instintos selvagens a ponto de deixá-los totalmente dependentes dessa porcaria enlatada, depois os jogamos na rua, os expulsamos quando nos vêm implorar por comida. Sem falar dos que são mortos por não poderem ser domesticados, ou daqueles que parecem dar bons casacos, botas ou bolsas - tudo para alimentar a máquina porca capitalista tão beneficiada com as futilidades. Tudo o que for temporário e breve deve ser explorado ao máximo, há tempo de render muito antes que acabe, desde que sobrem alguns exemplares a serem idolatrados, venerados e muito bem pagos.
Falava da farsa necessária, e acreditem ou não, está tudo relacionado, porque tudo leva ao estranhamento humano diante desse mundo real que nada tem haver com o imaginário fantasioso que cada um trás consigo. A auto análise, e a análise incompreendida do mundo e dos demais seres a nossa volta nos transformou em seres extremamente individualistas? Será esse todo o mal da humanidade? Eu não sei, não sou humanista, muito menos pós-humana. Sou um ser que respira. Dentro de mim pulsa um músculo que nutre meu corpo e meu cérebro fazendo-o pensar e crer que, em função disso, existo.
Esse mesmo ser que quer se abrir para o mundo e absorver tudo o que for possível e proveitoso, esbarra já nesse limite: o que é proveitoso para mim, é também para os outros? Se outros conseguirem alcançar o que penso que quero, sentir-me-ei mais feliz? Se outros assistirem aquilo que pensam que é o que eles queriam, estaria minha vitória ameaçada?
Certa vez uma pessoa me olhou e sumiu da minha vida, segundo ela porque não podia conviver com a certeza de que nunca seria como eu. Até hoje não entendo como essa pessoa pode ter pensado tal absurdo. Não que a minha vida seja a pior, mas está longe de ser o "ideal" de quem quer que seja... Pelo menos para quem quer que seja que esteja observando as coisas pelos meus olhos, que pense e sinta como eu.
O que quero dizer com tudo isso é que, não importa o que eu faça, mesmo que eu disfarce, ou simplesmente omita a realidade, as pessoas vão sempre achar o que bem entenderem, se não entenderem encontrarão respostas sem me perguntar, isso é certo!
E assim, pessoas vão e vêm, sem nunca me conhecer de verdade, sem nunca saber o que realmente sou, sem nunca imaginar se tiveram ou não alguma importância para mim, por mais que estivessem, em alguns momentos, sendo invejadas por mim, por mais que estivessem servindo de modelo, do que deveria ou não seguir.
Há algum tempo que parei de falar, para ouvir mais, que parei de atuar, para assistir, para ter o que opinar... E há tempos que percebi que sou rara por agir assim. Ser humano hoje em dia é pedir para ficar à parte, ser analisado, estigmatizado. Mas eu não me importo, porque nesse mundo capitalista que prega a individualidade, ninguém liga, ninguém realmente se importa, a menos que isso lhes afete coletivamente.
Uma boa forma de começar a semana!
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acho que o melhor hoje é ouvir mais e falar menos. É como dizem 'temos dois ouvidos e uma boca'.
ResponderExcluirPara mim tanto melhor que muitas pessoas me olhem, ja me julguem e continuam sua vida sem se importar comigo. Fazendo a diferença na vida de uma pessoa é suficiente para mim. uma pessoa no mundo sabendo as minhas qualidades,principalmente se for uma pessoa que amo já me deixa feliz.
"tudo para alimentar a máquina porca capitalista tão beneficiada com as futilidades."
ResponderExcluirestamos cercados de futilidades, as pessoas cada vez querem mais e mais, mas pra que?
acho que ninguém consegue conhecer ninguém de verdade, tem coisas que nem mesmo a gente sabe sobre a gente, eu acho dificil alguém te conhecer por completo.
eu ainda tenho problemas com esse negocio de as pessoas vão e vêm...
eu nunca quero que elas vão :/