A sensibilidade é "traduzida" no dicionário como a "capacidade de sentir". Friamente é descrita como resposta a estímulos, ou uma tendência ou disposição à dominação por impressões e sentimentos... O que o dicionário não diz é de como a sensibilidade toma outras formas para quem está de fora dessa situação particular e subjetiva que atinge a todos, às vezes mais, às vezes menos.
Ao que muitos chamam de covardia, muitas vezes pode ser a manifestação mais pura de hipersensibilidade. Pessoas muito sensíveis aprendem a se proteger. Mais cedo ou mais tarde, percebem que o mundo não trata os diferentes de forma diferente, é implacável e uniforme para todos. A diferença está no indivíduo que "sente".
Quando uma pessoa comete suicídio é julgada por uma série de interpretações que cada um faz daquela cena, com o pouco/ou nenhum conhecimento que cada um tem daquele indivíduo, da sua história, do mundo em que ele habita, do contexto social que o levou aquela ação. O mesmo acontece quando alguém desiste. E suicidar-se nada mais é do que desistir - mas poucos entendem dessa forma, porque falar da morte é e sempre será um tabu.
Desistir de algo é sempre alvo de críticas. Alguns atribuem à covardia, outros à loucura, há quem interprete como burrice. E a verdade é só uma: cada um sabe o seu limite, e o quanto pode suportar. Já falei desse assunto indiretamente quando escrevi o post sobre o Renato Russo. Retomo agora porque o tema voltou a habitar meus pensamentos devido à história de vida de outro rock star.
Há uma recorrência de depressão e loucura, desistências e atitudes mal explicadas nas trajetórias de bandas e de seus componentes. Sempre gostei muito de bandas com músicas intensas, e apresentações carregadas de sinceridade, o que exige muita sensibilidade: de quem escreve, de quem toca, de quem cria, de quem atua no palco. E talvez por isso eu goste de tantas "bandas mortas".
A mais recente descoberta foi com Gerard Way, vocalista da extinta My Chemical Romance. Pelo twitter soube que ele teve problemas com drogas e álcool. Não com cocaína ou heroína, mas com drogas lícitas, que o ajudavam a dormir, ou a acordar. Somente esse ano a banda anunciou fim oficial, mas já andava meio parada há algum tempo. Hoje ele comemora nove anos sóbrio.
E ao saber disso, espero que esta banda continue morta, antes ela, do que ele. Uma pessoa aparentemente sensível, um jovem, com uma vida nerd, que percebe a importância que tem na vida de tantos outros jovens por tê-los sensibilizado com o seu trabalho. A recompensa por um simples "Good morning" e poucas palavras direcionadas a eles via twitter, quase que diariamente, é a enxurrada de mensagens que ele está recebendo hoje. Milhares de fãs estão postando imagens suas com a frase #VeryMuchAlive escrita no corpo e a hashtag #GerardsSobrietyAnniversary no Twiiter. Isso é incrível!
O dia acaba de começar Los Angeles, ele terá um dia inteiro para ver o que os fãs estão fazendo. Se a sensibilidade dele é como aparenta ser, essa galera vai fazer uma diferença e tanto neste dia. Então eu ajudo a engrossar o coro: "We're proud of you @gerardway". O que parece desistência pra uns, pode ser um recomeço para outros. Fazer uma escolha é também uma renúncia.
:)
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