O título
desse post é o resumo da minha semana. Vivo em Porto Alegre, capital do estado
do Rio Grande do Sul, o que se acha melhor em tudo. A cidade gosta de ser
conhecida como a do "estilo europeu", a que tem povo consciente e
politizado; pro marketing é considerada a de clientes exigentes, de
comportamento peculiar e diferenciado, difícil; para quem vive aqui, uma cidade
como outra qualquer do braziu.
Pois a
cidade fria, intelectual e politizada está em chamas. Ondas de calor têm
assolado a população; nas ruas, barulho de gente, mas ônibus não há. Os acordos
trabalhistas dos rodoviários não se saíram bem, a greve foi o remédio; o povo
intelectualizado foi às ruas, não para protestar, mas para ficar nas paradas
lotadas, “desprevenidos” com a falta de ônibus. A semana inteira em greve, o assunto
está na mídia convencional, está minuto a minuto na internet, e o cidadão não
sabe?
Não... Não é
isso. É que o cidadão é responsável e trabalhador, então ele vai, nem que seja a
pé. Não, também não é isso. É que o trabalhador tem medo de dizer ao patrão,
que ele não é tão rico, que o salário dele já tem desconto de 6% de vale
transporte, o qual não pode ser usado quando não tem ônibus. Então ele corre às
ruas pra ligar do meio do tumulto e se sentir menos culpado por ser miserável,
ou levanta uma grana pra sustentar passagens em lotações ou táxis. Existe lei
trabalhista que protege tanto os grevistas quanto os afetados pela greve. Mas o
povo intelectualizado a desconhece, a ignora.
Mas porque
tanto tumulto, e essa paralização? A história é longa e eu não vou parar para
contá-la, embora saiba e tenha as minhas considerações. O que acontece é que
estamos vivendo tempos difíceis. O capitalismo está entrando em colapso.
Crescemos num país subdesenvolvido, que agora quer bancar de grande "em
desenvolvimento", com estrutura de "terceiro mundo".
A verdade é
que não cabe mais tanta exploração, trabalho de burro de carga com salários
medíocres e qualidade de vida zero. A sociedade do consumo quer aproveitar a
vida também. O povo, mesmo não sendo intelectualizado, cansou de ser massa de
manobra das politicagens desse país podre de corrupção.
A greve deve
mesmo ter começado como obra da politicagem visando o aumento da passagem, com sindicato
e empresas aliadas e o prefeito apoiando. Mas os trabalhadores não aceitaram os
acordos, porque “óbvio” nenhum os favorecia. É provável que tenham aproveitado
o momento para se manifestar. É greve, sim. Justa e legal!
Ninguém vê o
lado deles? Claro que não! A sociedade do consumo é egoísta, quer o seu bem, o
seu direito de ir e vir, e de aproveitar a vida. Não importa como. Poucas são
as pessoas que entendem a pressão que esses trabalhadores passam, o que ganham
e como vivem. Então, o movimento foi criminalizado, julgado e os manifestantes,
massa de manobra, os culpados!
Por outro
lado, quem se preocupou em saber que as empresas têm faturado milhões com os
sucessivos aumentos de passagens abusivos, que não foram repassados aos
trabalhadores? (TCE aponta que faturamento das empresas de ônibus de Porto Alegre superou R$ 481 milhões em 2011)
Quem se preocupou com a máxima: as empresas atuam sem licitação
e o transporte é público? (Sobre o transporte coletivo: 25 anos, bodas de ganância e omissão)
Será que alguém percebe que, ou os trabalhadores
param de vez até que todas as questões sejam levantadas e resolvidas, ou mais
uma vez a greve vai favorecer apenas as empresas? Se não se unirem agora, a
greve fica pelo aumento da passagem, eles continuam sendo explorados e as
empresas ganhando mais do que nunca.
Até quando?
A greve segue, pelo menos, segue... (Rodoviários decidem manter a greve e Justiça confirma ilegalidade do movimento)
Que porcaria
de país é esse?
E de onde
vem toda essa gente ignorante e egoísta?
Tenho quase
certeza que eu não sou daqui...
:s