segunda-feira, novembro 27, 2017

Resenha | Os Cinco do Ciclo, de Elias Flamel

Título: Os Cinco do Ciclo
Autor: Elias Flamel
Gênero: Fantasia

Sinopse: 
Yosef de Keltoi. Presenteado na infância, por uma de suas mães, com um tesouro de muitas páginas. Cresceu com pouco, encontrou o seu amor e ao lado dela teve que instigar uma revolução entre trabalhadores do campo. Sua vitória não foi perfeita, pois falhou contra os deuses que tanto venerava. Assim, o líder de uma vila pequena, e quase oculta entre os quatro cantos do mundo, vive o começo da sua velhice. Não reclama de ter vivido muitos ciclos e é servo de um império que pintou de rubro nações que ousaram ser grandes. Sempre preocupado com o seu povo e com a sua família. Qual vem primeiro? É uma pergunta que necessita de tempo e páginas para ser respondida. Hitalo, o mais velho dos seus filhos, exige mais firmeza com os homens do campo. No auge da juventude, o divertido e criativo Yohan deseja provar para o seu pai que é um homem feito. Morgiana, companheira de luta, enxerga muito além do que os olhos podem ver e deseja alertar o seu amado Yosef a respeito de algo muito difícil de fugir. Yosef parte para Numitor, sua viagem tem como destino a capital de todo o império, lar dos homens de togas brancas que praticam um culto conhecido pelas eras. E esses mesmos homens possuem legiões em seu poder. Era para ser somente mais uma viagem dos tributos, mas o homem comum ouve boatos que colocam em risco o seu lar, a sua cultura e as suas crenças. Uma ajuda é mais que necessária, mas aqueles que são os mais poderosos e dotados de uma sabedoria milenar começam a pedir socorro. Só Yosef, o líder, pode salvar o que tanto ama.Ao tentar, é exposto o seu passado manchado, ele reencontra velhas amizades e conhece desejos guardados dentro do peito de um dos seus filhos. Sua vontade de ter o que tanto deseja fará Yosef se embrenhar pelas ruas do império. Será preciso conviver com ladrões, fardados de rubro, uma sociedade que ama a prata e o ouro e terá de lutar até mesmo contra a fúria da natureza. 


Resenha de Os Cinco do Ciclo


A primeira impressão sobre esse livro é a capa, a arte tá linda. O susto fica pelo número de páginas, são 413 páginas de um universo novo e rico, cheio de detalhes, personagens, ideologias e crenças. Outro ponto que chama a atenção é o "heroi" da história. Um senhor de idade mais avançada.

O livro está classificado como fantasia, um gênero que não estou habituada e que, confesso, não gosto muito não. Assim como não gosto de livros muito longos. Então tinha um desafio e tanto pela frente. Mas, no fim foi interessante. 

Elias Flamel criou um universo vasto e complexo. Quem gosta do gênero certamente vai devorar esse livro muito mais rápido do que eu. Muita coisa vai acontecendo ao longo da história e, a cada capítulo ficamos com aquela curiosidade de saber o que vem depois. 

Todos os personagens são muito bem construídos, mais um ponto positivo para a estória. Uma família forte e cheia de conflitos comuns a qualquer família. A disputa entre os filhos, mais velho e mais novo, a dificuldade do pai em lidar com a diferença entre eles, a divisão da família em função do trabalho, etc.

Apesar de ser um homem forte, Yosef de Keltoi, é um homem sensível, que deixa transparecer seus sentimentos. Comportamento condizente com a sua idade (acredito), algo que só um homem inteligente e maduro poderia assumir com serenidade. 

A narrativa é em primeira pessoa, e vamos assumindo o lugar do protagonista. Sentindo as suas angústicas, comemorando as suas vitórias, vamos nos divertindo com os acontecimentos. Os problemas que vão se apresentando ao longo da estória vão nos prendendo e o desfecho são de cair o queixo. Uma leitura essencial para quem curte o gênero.

quinta-feira, novembro 16, 2017

Eu, Robô | Leia o livro, não assista ao filme!

O filme "Eu, Robô" não tem nada a ver com o livro, e isso é até normal em uma adaptação. O que me faz desaconselhar o filme é que nele a trama vai de encontro ao que o autor pretendia ao escrever seus contos de robô, e isso (pra mim) é imperdoável.



Quem viu o filme "Eu, Robô" com o Will Smith pode ter uma ideia muito errada sobre o livro de mesmo nome. A produção cinematográfica foi inspirada na obra de Isaac Asimov (nem a pau!), é o que diz na sinopse. Enquanto lia o livro algumas pessoas me falaram do filme, que era bom, perguntavam se eu já tinha assistido. Não tinha.

Por uma feliz coincidência, não tive vontade de assistir "Eu, Robô" antes. E se tivesse assistido, teria deixado de ler o livro com toda certeza. O filme conta a história de um policial que tem "ranço" com os robôs. O planeta está tomado por robôs humanoides que auxiliam os humanos. Lá pelas tantas um grandão da CIA US Robotics é morto, no que parece um suicídio, e esse policial pira. E ele tem razão, as máquinas estão elaborando um plano maligno para uma revolução e pretendem dominar a Terra. Afe!

O que permite aos robôs serem super inteligentes é a tecnologia da US Robotics. Empresa responsável pelo desenvolvimento dos cérebros positrônicos. E o que permite a ótima convivência com os humanos são as três leis da robótica, as quais impedem os robôs de (1) ferir um humano, (2) não agir quando um humano estiver em perigo e (3) não se autodestruir. Exatamente nessa ordem.

Pois bem, no parágrafo anterior listei o que tem de similar com os contos escritos por Asimov reunidos no livro "Eu, Robô". No mais, esqueça!

Nos contos do livro, os robôs foram proibidos na Terra. Eles auxiliam os humanos em outros planetas, fazendo trabalhos que seriam difíceis ou impossíveis para nós. Na Terra têm apenas máquinas equipadas com a tecnologia, a fim de calcular e gerenciar a economia, a produção etc. 

As estórias têm um peso psicológico, onde a Dra, Susan Calvin começa a contar essas histórias em uma entrevista com um repórter. Ela está afastada da US Robotics há muitos anos, e relembra esses acontecimentos com saudades. A Dra Calvin conta situações limites em que os humanos responsáveis pelos testes dos robôs tentam identificar uma aparente falha. Narra todo o desenrolar do problema, até identificar a causa, que normalmente cai em uma das três leis da robótica. 

Além de hilário e irônico, vendo como as coisas se resolvem nesses casos, temos a oportunidade de refletir sobre como é, ou seria, a convivência entre humanos e robôs. É muito legal a forma como Asimov nos faz amar essas criaturas, e desacreditar no ser humano. Porque, no fim, são sempre os humanos projetando as suas frustrações, preconceitos e egoísmo nos robôs, que são seres puros.

A Dra. Calvin é a toda poderosa da empresa, psicóloga roboticista e a única que entende como ninguém o modo como os robôs pensam, o funcionamento dos seus cérebros positrônicos. Quando ninguém mais sabe como resolver uma situação, ela é chamada e consegue descobrir. Ou seja, ela tem uma baita importância na US Robotics. No filme, porém, é interpretada por uma atriz jovem demais, e só ajuda o Will Smith (o tal policial paranoico), ficando com o papel de donzela em apuros. E isso é bem ridículo para quem leu o livro e viu a força dessa personagem.

Um dos contos do livro aparece no filme em uma cena grotesca em que um robô se mistura a tantos outros para se esconder do policial. Nas telas, o robô está mal intencionado, tem vontade própria. No conto, contudo, esse robô recebe uma ordem de "sumir" e é obrigado a isso devido às leis da robótica, que ele precisa seguir (está programado para isso). A maneira habilidosa com que ele se esconde e persuade os demais a escondê-lo no conto é genial.

Ainda no livro, uma das estórias que mais gostei foi "Razão", em que um robô apresenta crenças religiosas. Ou o "Mentiroso!" um robô que lia pensamentos. A resolução desse especificamente é absurda de boa.

Em todos os contos a sagacidade do cérebro positrônico é mostrada com tanta genialidade, que não tem como não acreditar que aqueles personagens existem. Eu ficava pensando naquelas situações. Que tipo de "seres" seriam eles? Que direitos teriam? Robô tem alma? Seria muito legal se tivéssemos robôs andando por aí e pensando, tomando decisões. 

E nem vou citar as inúmeras possibilidades de paralelos que se pode estabelecer entre as histórias de robôs do Asimov com a nossa realidade. Uma das muitas é compará-los com trabalhadores. E paro por aqui...

Recomendo demais a leitura, esqueça o filme, leia o livro!

Leia mais sobre a Saga dos Robôs e um pouco da visão de um fã sobre a sua obra no Eu, Asimov



Sobre Isaac Asimov 


O autor Isaac Asimov começou a pensar em histórias de robôs em 1939, quando os robôs eram retratados como uma criação perigosa. Inevitavelmente eles sempre se voltavam contra a humanidade e a catástrofe era inevitável. O autor, que era apaixonado por ficção científica e nerd total, não queria acreditar que conhecimento se tornasse em algo perigoso, por isso discordava das histórias de robôs acabando em desastre.

Asimov queria retratar robôs de um modo diferente, e inspirado num conto chamado "Eu, Robô" começou a escrever as suas histórias. Elas eram publicadas em revistas conforme ele conseguia espaço. Até que em um determinado momento veio o convite para reuni-las num livro que recebeu o nome do conto que o inspirou. Foi ideia do editor e não dele. 

As três leis da robótica foi a grande criação dele para que a máquina não se voltasse contra a humanidade. E a porcaria do filme usa justamente isso como pretexto. Seria como se os robôs fossem humanos, pensassem como tais. O que não é "verdadeiro", sequer possível, nos contos de Asimov. Os robôs chegam a ser ingênuos, são puros, como diz a Dra. Calvin em alguns momentos. 

Os robôs de Asimov não chegariam naquela selvageria retratada no filme. São muito melhores do que isso, mais espertos. E têm um jeito mais eficiente e criativo para lidar com os riscos que os homens oferecem a eles mesmos. 




Então, se você aguentou a leitura até aqui deve ter compreendido, porque detestei o filme não recomendo. E quanto ao livro: Leiam! É mais do que ficção científica e história de robôs. Tem provocações muito interessantes.

Neste link tem Todos os livros de Isaac Asimov disponíveis na Amazon.


A Saga dos Robôs de Isaac Asimov - [Leia as resenhas desses livros aqui]

Ao longo da sua carreira como escritor de ficção científica, Isaac Asimov escreveu muitas histórias de robôs. Entre outros livros de contos, ele escreveu uma série composta por "As Cavernas de Aço", "O Sol Desvelado", "Robôs da Alvorada" e "Robôs e o Império".

Depois de alguns anos, o autor revisitou toda a sua obra e fez um trabalho incrível para colocar todas suas histórias, incluindo as do Império Galático e a Saga da Fundação), no mesmo universo. Fiz um post com a ordem de leitura dos livros, é só clicar aqui.

Assim, "Eu, Robô" se tornou parte de um universo muito maior e impressionante. No Brasil temos publicados quase todos esses livros. Alguns só encontramos em sebos, mas muitos deles foram republicados pela Editora Aleph. Você pode conferir todos os livros aqui.


E se você quiser saber a ordem certa para ler todos os livros de Isaac Asimov nesse universo, que vai de "O fim da eternidade", passa pelas histórias de robôs e vai até A Fundação, acessa esse post aqui: Guia de leitura para ler Isaac Asimov

=P

quinta-feira, novembro 02, 2017

Sound Bullet lança o novo álbum "Terreno" em Porto Alegre e Caxias

Todas as vezes que tuitei e deixei comentários na página da banda eu não acreditei. É sério! Sempre interajo com as bandas que eu gosto ressaltando que sou de Porto Alegre. Penso que se todos os fãs fizessem isso, as bandas poderiam ter uma noção de onde tem público. Assim não há engano, na hora de pensar para que cidade ir. E no fim, vira uma grande brincadeira.

Foto: fb.com/soundbullet

Brincadeira? Sim, porque é de se imaginar que uma banda independente não tem muitas chances de viajar para longe. Por que talvez não tenha público suficiente para justificar essa empreitada. Mas, às vezes o destino nos prega peças!

A Sound Bullet é uma banda independente, do Rio de Janeiro. A minha sorte é que eles são muito gente boa e têm amigos. Amigos no Rio Grande do Sul (os melhores hahah). E assim surgiu a possibilidade de virem tocar aqui nos pampas.


Quando a notícia foi confirmada, com três shows em três cidades, fiquei impressionada. Mas, a ficha demorou a cair. Só quando entrei no Oculto e ouvi aquela música e a voz do Guilherme é que pensei "Caralho!!! Eles estão aqui mesmo." (desculpa o palavrão, mãe, aprendi com eles!) Eles estavam passando o som quando cheguei e eu já fiquei impressionada. A banda é muito boa! Disse uma das pessoas do bar que estava por lá. E é verdade, outro nível!


O vídeo abaixo foi feito no OCulto, tá ruim mesmo, só ouçam. XD



Vê-los tocar no OCulto foi muito legal. O lugar é pequeno, tem uma atmosfera intimista. Sem palco, as pessoas ficam a alguns passos dos músicos. A seriedade deles e a presença durante a apresentação parece de gente que já toca há anos. E se fecharmos os olhos, a perfeição e a qualidade musical, meio que confirma essa impressão. Daí a gente olha para eles, aquelas carinhas bebê, e fica se perguntando como isso é possível? hahah

Durante o Show foi "Atlas" (óbvio) que me fez chorar! Ouvir essa música ao vivo, timbres de guitarra, baixo e a voz do Guilherme PUTA QUE PARIU! VAI TOMAR NO CU (isso foi um elogio! hahah - Desculpa de novo, mãe). Foi lindo.

Foto: Wesley Fávero - fb.com/WesleyFaveros

No segundo show, em Caxias do Sul, a dinâmica foi um pouco diferente. (a loka que não queria pensar na possibilidade de Sound Bullet tocando sem a sua presença no RS). Lá o show foi no Atillio's Bar. Maior do que o Oculto, e com muito mais gente, mas também sem palco. Além da Sound Bullet, Baby Budas e a Grandfúria (responsáveis pela vinda da Sound Bullet - Amo vocês para sempre).

A Sound Bullet tocou depois de Baby Budas. O clima já estava bem animado, e eles conquistaram o pessoal já na primeira música, Incorporar? (memória prejudicada, estava lá para ver o show e não para trabalhar - desculpa).

Foto: Wesley Fávero

Neste show eu já estava mais a vontade, e o ambiente era outro, já deu pra dançar um pouco mais, e não teve Atlas, então correu tudo bem do início ao fim. A "surpresa" foi eles tocarem DOXA. Que som! Fica ainda mais intenso ao vivo. Ceis tão de parabéns!

E por falar nisso, já emendo aqui meus comentários sobre a diferença do som deles em estúdio e ao vivo: quase não tem. Ao vivo tem mais energia, é claro, mas não perde em nada para o que se ouve no álbum. E olha que "Terreno", álbum novo que vocês podem ouvir aqui, é rico em arranjos, tem metais acompanhando em várias músicas. Fez falta? Fez, porque as músicas são muito boas com esse complemento. Só que, alguma mágica acontece ali naquelas guitarras, baixo e bateria, que não prejudicaram em nada a qualidade.

Foto: Wesley Fávero


Daí vocês podem dizer "Ah, claro que ela vai só tecer elogios, é tiete". Bem, sinto informar que mesmo quem nunca tinha ouvido, ou quem só tinha ouvido algumas músicas da banda, adorou. E até na passagem do som aqui em Porto Alegre eles causaram muito boa impressão. Então, não era eu babando ovo nos caras depois do show. Eu estava por perto, só olhando e confirmando as minhas suspeitas: eles são muito bons e o povo curtiu muito!

O Show de Canoas acabou não rolando, um balde de água fria para os caras que vieram de tão longe, com dinheiro do próprio bolso, só querendo levar sua música para mais pessoas. A casa/produtora deu esse furo. Uma bosxsta!

Foto: Wesley Fávero

O que me consola é que depois do show em Caxias tive a oportunidade de conhecer o lado festeiro e doido desse pessoal. Gente boa é pouco pra falar desses cariocas esxscrotos. O resultado é que agora vão ter que me aturar implorando para que voltem, e logo! hahah E, também, para tocarem com a Valente. Tô pensando em como isso pode ser possível.


Como eu disse antes, estava lá para curtir e não para trabalhar, então os vídeos que fiz tão beeem zoados, mas dá pra ter uma ideia de como foi a vibe.

Vídeo de "Em um mundo de milhões de buscas" no Atillio's Bar Caxias do Sul


Ah! E parece que vai ter vídeo profissional dessa tour, aguardando já! :D

E, por fim, ficam aqui os meus agredecimentos: ao meu poia querido que tornou a presença no Show em Caxias possível, a Vanessa pelo pouso em Canoas, ainda que ele não tenha se concretizado, ao fotógrafo/cinegrafista/menino de rua Wesley Fávero por conceder as fotos que enfeitaram esse post, baita achado! e ao Guilherme, Henrique, Fred MATTOS e Pedro, pela paciência, pelo carinho. Vocês são únicos e talentosos! Nada esxscroto, nem cuzão, isso é intriga, pura inveja dos separatistas que não entendem pohha nenhuma.

Para ver os outros posts que escrevi sobre a Sound Bullet, acesse Indie Rock no Brasil e Terreno, o novo álbum da Sound Bullet

=P

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