Um centauro no Jardim, do Moacyr Scliar foi um dos livros mais legais que li ano passado. Como essa resenha estava publicada no Estação Nerd (tão sabendo que colabora com resenhas por lá também?) achei justo publicá-la aqui no blog também. Espero que gostem!
Tive contato com esse livro quando fui a um sarau em homenagem a obra do autor. Fiquei
impressionada com a diversidade de temas e gêneros que ele escreveu. “O centauro no jardim” chamou a minha atenção pelo uso do centauro para representar o homem que “não se encaixa”. Um centauro!!!
O ser mitológico, diz a sinopse, faz alusão a dualidade etnica e religiosa dos judeus. E, é
claro, a obra do autor tem esse compromisso de falar da questão judaica e mostrar a adaptação dos imigrantes no Brasil. Mas, vi no personagem conflitos muito comuns a qualquer pessoa. A fragilidade e a sapiência do homem, a brutalidade “das patas”.
Ser ele mesmo causa horror “à sociedade” então precisa esconder-se, mutilar-se para fazer
parte dela. E aqui me vieram inúmeras analogias possíveis. Porque em um determinado momento ele consegue se integrar a sociedade, mas a felicidade nunca está completa. Ainda se sente esquisito, errado, um impostor. E depois, bem… Depois de livrar-se desse peso, é de galopar nos campos que ele mais sente falta. Ou seja, a gente é o que é. Guedali vai ter sempre alma de centauro. E pensar sobre isso deixa essa história meio triste.
A sorte que Scliar usa essa dualidade, fantasia realidade, o tempo todo e vai nos distraindo, dando leveza ao conto. É certo que a imersão é tanta que já nem lembramos que centauros não existem (não?). E logo esquecemos das tristezas da vida do personagem.
São tantos acontecimentos, tantas reviravoltas que chegou um determinado ponto que eu não podia mais largar o livro. Entrei madrugada a dentro para saber o que iria acontecer e como a história do centauro se encontraria naquele almoço tranquilo com os amigos narrado no primeiro capítulo. É tudo muito incrível, fantasioso, mas os sentimentos e conflitos muito reais. É emocionante!
Ah! A história é narrada em primeira pessoa, pelo próprio Guedali, passando para 3ª pessoa, às vezes, quando fala do centauro, num tom mais resignado, amargo, ou lírico. Ele conta a história no presente, vai descrevendo as cenas, nos convidando para participar dos acontecimentos. Em meio as descrições, vai inserindo os demais personagens, contando as
suas aflições, as suas histórias. Sério, gente, é impressionante a forma sutil e convidativa com que o autor articula presente e passado, realidade e fantasia.
E no final, um presente para nós leitores. Uma provocação daquelas de nos deixar pensando por horas. Não posso entrar em detalhes para não dar spoiler. O autor brinca com a sua própria criação, transformando a sua fantasia em realidade em um capítulo que pode ser interpretado de muitas formas: fuga da realidade, simplificação dos conflitos do Guedali, apenas uma brincadeira da sua esposa, ou a superação de um trauma.
Alguém aí já leu esse livro? O que acharam?
=P
Resenha: Um centauro no jardim, de Moacyr Scliar
Tive contato com esse livro quando fui a um sarau em homenagem a obra do autor. Fiquei
impressionada com a diversidade de temas e gêneros que ele escreveu. “O centauro no jardim” chamou a minha atenção pelo uso do centauro para representar o homem que “não se encaixa”. Um centauro!!!
O ser mitológico, diz a sinopse, faz alusão a dualidade etnica e religiosa dos judeus. E, é
claro, a obra do autor tem esse compromisso de falar da questão judaica e mostrar a adaptação dos imigrantes no Brasil. Mas, vi no personagem conflitos muito comuns a qualquer pessoa. A fragilidade e a sapiência do homem, a brutalidade “das patas”.
Ser ele mesmo causa horror “à sociedade” então precisa esconder-se, mutilar-se para fazer
parte dela. E aqui me vieram inúmeras analogias possíveis. Porque em um determinado momento ele consegue se integrar a sociedade, mas a felicidade nunca está completa. Ainda se sente esquisito, errado, um impostor. E depois, bem… Depois de livrar-se desse peso, é de galopar nos campos que ele mais sente falta. Ou seja, a gente é o que é. Guedali vai ter sempre alma de centauro. E pensar sobre isso deixa essa história meio triste.
A sorte que Scliar usa essa dualidade, fantasia realidade, o tempo todo e vai nos distraindo, dando leveza ao conto. É certo que a imersão é tanta que já nem lembramos que centauros não existem (não?). E logo esquecemos das tristezas da vida do personagem.
São tantos acontecimentos, tantas reviravoltas que chegou um determinado ponto que eu não podia mais largar o livro. Entrei madrugada a dentro para saber o que iria acontecer e como a história do centauro se encontraria naquele almoço tranquilo com os amigos narrado no primeiro capítulo. É tudo muito incrível, fantasioso, mas os sentimentos e conflitos muito reais. É emocionante!
Ah! A história é narrada em primeira pessoa, pelo próprio Guedali, passando para 3ª pessoa, às vezes, quando fala do centauro, num tom mais resignado, amargo, ou lírico. Ele conta a história no presente, vai descrevendo as cenas, nos convidando para participar dos acontecimentos. Em meio as descrições, vai inserindo os demais personagens, contando as
suas aflições, as suas histórias. Sério, gente, é impressionante a forma sutil e convidativa com que o autor articula presente e passado, realidade e fantasia.
E no final, um presente para nós leitores. Uma provocação daquelas de nos deixar pensando por horas. Não posso entrar em detalhes para não dar spoiler. O autor brinca com a sua própria criação, transformando a sua fantasia em realidade em um capítulo que pode ser interpretado de muitas formas: fuga da realidade, simplificação dos conflitos do Guedali, apenas uma brincadeira da sua esposa, ou a superação de um trauma.
Alguém aí já leu esse livro? O que acharam?
=P
Dani, este eu não li especificamente. Mas sou apaixonada por tudo que já li e ouvi de Moacyr Scliar. Amo o "A Mulher que escreveu a Bíblia", já leste? Beijinhos daqui!
ResponderExcluirJanina
Não li muitos livros dele, só esse e "Os voluntários". Vou procurar esse da "A Mulher que escreveu a Bíblia". Obrigada pela dica! :D
ExcluirOii! Essa obra não é muito minha cara, mas, estou em buscas de novas leituras para sair da minha zona de conforto, já adicionei Um Centauro no Jardim na minha listinha, obrigada ;)
ResponderExcluirBeijinhos :*
Super interessante a sua dica!
ResponderExcluirTirei o dia pra navegar na blogosfera e encontrei o seu blog!
To fazendo um sorteio de um livro e + 7itens itens super legais, se quiser participar vou deixar o link aqui ta?
PARTICIPE DO SORTEIO - 4 ANOS DE BLOG
Great post dear!
ResponderExcluirI am folloing you! Follow back?
http://pieces-of-fantasy.blogspot.com/
Oi Daniela.
ResponderExcluirEu ainda não tive oportunidade de ler este livro, mas achei bastante interessante. Vou anotar na minha lista para conhecer melhor a escrita do autor.
Bjos
https://historiasexistemparaseremcontadas.blogspot.com.br/
aaah, amo esse livro dele, foi um dos primeiros que li do Moacyr...
ResponderExcluiradoro sua narrativa, suas tramas, o realismo mágico me encanta <3
bjs...
Gostei do livro e da ideia do uso do centauro. O tema é muito bom e nos faz refletir. Parabéns.
ResponderExcluirNão conhecia a obra, mas era parece ser bem interessante e ótima para fugirmos da zona de conforto. Vou procurar saber mais a respeito :)
ResponderExcluirAdorei o post, parabéns!
by: atravesdaescrita.blogspot.com