quinta-feira, setembro 16, 2021

Resenha | 4321, por Paul Auster

Surpreendente, inusitado, perfeito... Ou seja, mais um livro de Paul Auster que vai para os favoritados da vida. O que ele faz nesse livro é brilhante!




Paul Auster tem algumas características que saltam aos olhos quando a gente lê mais de um livro dele. “4321” é o terceiro que leio do autor e coloca ele entre os meus autores preferidos (na verdade já era, mas precisava confirmar).


 O que tem de tão bom em Paul Auster?

  • Antes mesmo de falar do livro que supostamente irei resenhar, quero explicar porque Paul Auster é tão brilhante. 
  • Ele costuma contar histórias dentro da história de um jeito único, muito envolvente. Isso me fascina.



  • Os três livros dele que li até aqui, abordam questões cotidianas ou não, aparentemente “comuns” e ele consegue extrair o extraordinário delas. Como? Não sei explicar, só lendo pra saber.
  • Ele procura inserir o ofício do escritor no texto. Não é apenas que o personagem é escritor, ele insere o universo, o fazer da coisa, e a gente acompanha o processo de alguma forma. No livro “Viagens no Scriptorium” é de explodir a cabeça.
  • A escrita é impecável, não tem sobras de texto, não tem uma parte que tu pense “isso não precisava”. Tudo faz sentido e é muito bem escrito.


Resenha de “4321” de Paul Auster

“4321” faz referência à história do protagonista, que é contada em quatro versões diferentes. É um romance de formação, ou seja, acompanhamos a evolução do personagem, desde o nascimento até a vida adulta. O cenário é os Estados Unidos, do ponto de vista de uma família judia cujos pais migraram da Europa, antes mesmo da 1ª Guerra Mundial. 

Então, a história dos EUA é misturada à do personagem, que nas quatro versões é de esquerda. E aqui está o primeiro ponto alto do livro. Conhecemos a história desse ponto de vista novo, das minorias, dos que lutam contra a Guerra e vão de encontro aos ideais (patéticos) patriotas e imperialistas. Ferguson, ou alguns personagens muito prócimos, está do lado dos anti-guerra, dos negros, apoiando protestos. 

Passei a entender melhor a história do país, conheci algumas rebeliões estudantis que nunca vi retratada em livros ou filmes antes, tão pouco tinha conhecimento da existência. Isso foi muito legal.



Um personagem, quatro destinos

Essa questão das quatro versões do personagem são muito interessantes. Não tem qualquer elemento sci-fi, não é sobre decisões que ele toma e que magicamente abrem essas quatro possibilidades. São versões muito bem desenvolvidas, algumas com destinos parecidos, porque o personagem é o mesmo. E aqui, Paul Auster dá show! Porque a construção dos personagens dele é de chorar de tão perfeita. As pessoas são as mesmas, com suas vivências, personalidades, com “coisas da vida” diferentes. O modo como o autor se dedica em cada história é incrível. A gente torce por todos Ferguson, não tem um que a gente goste menos, eles são intensos, apaixonados, é lindo!

A criatividade desse homem, para escrever mais de 800 páginas, cada passagem mais interessante que a outra. Não teve momento de sonolência ou preguiça de ler essa história. Mesmo com trechos mais rebuscados e difíceis. Que autor consegue uma coisa dessas? 



Sobre a edição de “4321” da Companhia das Letras

Quando peguei esse livro, fui direto olhar se tinha algum texto de apoio, não tem. Comecei a ler, fiquei um pouco perdida, e a falta de um texto de apoio me deixou um pouco desconfortável. Tive receio de não entender a proposta de Paul Auster com aquelas quatro histórias. Mas, Paul Auster é brilhante (já disse isso?), no final a gente entende tudo. Até a mini bio na orelha do livro ajuda na compreensão. É genial!

O sentimento ao final da leitura é de melancolia, saudade dos personagens e assombro com o brilhantismo dessa obra. 

Dizem que “Trilogia de Nova York” é o livro mais impressionante dele. É provável que este seja o próximo livro dele que vou ler, tenho “Invisível” na lista também. Mas, fico me perguntando se alguma outra história dele vai me impactar tanto. Acho difícil, mas vou amar a surpresa, caso ela venha.

Recomendo demais para apaixonados por escrita, literatura, história e cinema. O livro é cheio de referências e dicas de leituras para aumentar a nossa lista de desejados. 


Para quem ainda não conhece o autor, vou deixar algumas indicações de livros dele abaixo. 

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