Recentemente a Editora Aleph lançou a “Trilogia do Império Galáctico”, que reúne os livros: “As correntes do espaço”, “Poeira de estrelas” e “Pedra no céu”. Esses livros abordam a vida na galáxia dominada pela humanidade. E, embora sejam incluídos na lista de livros para serem lidos da grande saga criada por Isaac Asimov, eles não estão diretamente ligados às histórias principais. É isso que vou tentar explicar aqui, fugindo de spoilers, para não estragar a experiência de leitura de ninguém.
Se você não está familiarizado com essa grande saga das histórias do autor, leia esse post: Guia de leitura para ler Isaac Asimov.
O que esperar da trilogia do Império Galáctico, de Isaac Asimov?
A ordem de leitura recomendada para os livros do império galáctico pela maioria dos leitores é essa:
- As correntes do espaço.
- Poeira de estrelas.
- Pedra no céu.
Essa é a ordem que recomendei no post citado antes, mas depois de ler, confesso que não vi muito sentido. No primeiro livro, “As correntes do espaço”, o império está se formando e Trantor é citada, já como uma grande influência. No segundo livro, “Poeira de estrelas”, acontece um “passeio” pela galáxia, tem um pouco mais de ação do que o primeiro, mas não faz qualquer referência ao império.
Já em “Pedra no céu”, há menção aos siderais, primeiros humanos a explorarem o espaço, a hostilização aos terráqueos, presentes na série dos robôs, e há a presença forte do império. Porém, vale ressaltar que a Terra estar nesse contexto é controverso, quem ler entenderá.
Breve resenha da Trilogia do Império Galáctico
Como esses livros não são meus favoritos, em vez de fazer um post para cada resenha, vou falar brevemente sobre cada um deles aqui, com as minhas impressões sobre a leitura e para o contexto da leitura dentro desse universo.
Resenha de “As correntes do espaço”
"As correntes do espaço", de Isaac Asimov, é um dos primeiros romances do autor e fica evidente o quanto ele melhorou quando se compara este livro com as grandes publicações da carreira dele. É uma história datada, marcada pelo machismo, pra dizer o mínimo, chato demais.
Em relação ao universo do império galáctico, essa história fica solta. Não faz diferença ler ou não, e arrisco dizer que ele ficaria melhor "posicionado" se lido depois de terminar a saga da Fundação. Pra matar as saudades.
Trantor é mencionada, o império está se formando, mas a trama é focada numa outra situação. Uma disputa política, uma luta de classes, em outro canto da galáxia.
É uma história interessante, separada da grande saga, ver como, já nessa época, os autores estavam "preocupados" com escassez de recursos de um planeta, assunto tão atual para 2023, ou ver o surgimento das ideias políticas que serão tão melhor desenvolvidas na Fundação.
Nele a Terra é citada como um mito, algo que fica mais evidente ao longo da Fundação e que me fez questionar a ordem dele na trilogia. De qualquer forma, uma boa história, mas não a minha favorita de Asimov.
Resenha de “Poeira de estrelas”
"Poeira de estrelas", de Isaac Asimov, vou ser sincera com vocês: é fraco e, às vezes, irritante.
A misoginia está presente retratando um tempo em que ser mulher era ainda pior do que nos dias de hoje. Asimov não conseguiu escapar disso. Sua mente brilhante era bem míope quando o assunto era notar que mulheres são mais do que adereços frágeis e histéricos.
Feita essa reclamação, "Poeira de estrelas" é um pouco melhor do que "As correntes do espaço". A trama é um mais interessante e nele acompanhamos uma jornada pela galáxia. Neste quesito Asimov sempre faz um bom trabalho. Adorei as explicações sobre as naves, como elas atravessam o espaço. Essas ideias todas são e sempre foram muito consistentes no autor.
É um livro "ok", funciona pra se distrair, a leitura flui, mas volto a afirmar: Asimov tem muito mais a oferecer, e que bom que ele evoluiu muito desses livros em diante.
A leitura é válida para fans, e saudosos do universo do autor, mas não faz qualquer referência ao império ou a robôs, o que surpreende, já que está nessa trilogia.
Resenha de “Pedra no céu”
"Pedra no céu", de Isaac Asimov é um dos primeiros livros dele que eu li. Eu lembro da sensação de ler e pensar "quero mais" e aí ir atrás dos outros livros. Daí até descobrir que esse livro faz parte de uma trilogia que está no meio de uma saga, que vai de "O fim da eternidade", passa pelos robôs e termina lá na Fundação, muitos anos se passaram. 😂
Agora, relendo na ordem indicada pelo autor (a lista com essa ordem está aqui), eu posso garantir pra vocês: a trilogia do império galáctico pode ser lida fora de ordem. Inclusive, pode ser lido depois, beeem depois, pra matar a saudade desse universo.
Mesmo sem muita conexão, "Pedra no céu" é, entre esses três, o que mais gosto, e o que mais me remete ao ambiente da Fundação. Porém, sem muita política, o que torna ele mais interessante pra mim.
Acho que aqui Asimov ainda está com a pegada de contista, preocupado em entreter, e o resultado é um romance muito divertido e curioso.
Nele já vemos algumas discussões que vão ser melhor exploradas em outros livros da saga e que deixam aquele gostinho de quero mais.
É o melhor livro dele? Claro que não, mas dessa trilogia é o melhor e mostra o que Asimov tinha de ideias para entreter os seus leitores no futuro.
Esqueça a ordem certa para ler a trilogia do império galáctico!
Minha conclusão sobre essa trilogia é que ela foi “vendida” como tal apenas para fazer um box, pra editora ganhar mais dinheiro, para colecionadores ficarem felizes. Em relação a ordem de leitura, não se preocupe com isso. Eu comecei por Pedra no céu e não fez muita diferença naquele momento, e cada um pode criar as estratégias conforme seu gosto. Vamos a algumas alternativas:
Ler por ordem de publicação: começa em “Pedra no céu” (1951), depois “Poeira de estrelas” (1951) e então “As correntes do espaço” (1952).
Ler por ordem cronológica do ponto de vista da saga completa: “As correntes do espaço”, “Pedra no céu” e depois “Poeira de estrelas”.
Ler quando der vontade, depois da saga dos robôs, na ordem que preferir.
Para mim a melhor opção é a terceira, com um adendo: não coloque esses livros entre a leitura da série dos Robôs ou da Fundação, pra não perder o ritmo e os detalhes. Como já falei em outros posts, a gente ganha muito lendo os livros na sequência e sem muito intervalo de tempo entre eles.
Em qualquer situação: Leia Asimov!
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