sexta-feira, dezembro 12, 2008

O que o mundo faz com a gente!
Quando criança, gostava muito de inventar coisas, de falar pelos cotovelos e de dançar e cantar. E isso, você pode pensar, é coisa de criança, todas são assim! Mas a verdade é que muitas não são assim, exatamente como eu era, ou como você foi. Com o passar do tempo, conforme vamos crescendo, o mundo a nossa volta vai se modificando e nos transformando.
Quem me vê hoje não consegue acreditar que minhas irmãs e minhas primas brigavam demais comigo por que estava sempre falando e me metendo nos assuntos delas. Nem pode imaginar que muito a minha mãe brigou comigo pelos brinquedos estragados, ou por não parar quieta por um segundo que fosse.
Quem me vê hoje acha que falo pouco, alguns até acreditam que eu sou "snob" (HA HA HA - é o que diria quem realmente me conhece!). Mas a verdade é que de tanto ser "podada" fui ficando na minha, cada vez mais vendo as coisas e deixando-as passar em frente aos olhos dos outros sem serem percebidas. Minha mania de falar sozinha, sim eu falo o tempo todo, foi sem dúvida uma forma de continuar articulando as minhas idéias sem perturbar os outros. Assim fui crescendo, transformando a minha inquietude de ver, falar e me comunicar, de cantar e dançar, de tentar mudar o mundo, em introspeção. E fiquei assim.
Quem me conhece sabe, adoro conversar, adoro inventar coisas, adoro cantar e dançar como se não tivesse ninguém me olhando (e na maioria das vezes não tem ninguém olhando mesmo - vantagens de morar sozinha - pobre dos vizinhos). Mas o que o mundo faz com a gente afinal, se continuo a mesma?
O mundo de pessoas a minha volta fez com que eu guardasse as minhas descobertas, que selecionasse muito bem aqueles com quem iria tagarelar e me fez achar que "dançar conforme a música" não passava de uma metáfora que representa seguir um regra para manter-se em algum lugar, em alguma situação, ou sair-se bem dela.
Quem me conhece sabe, não ligo mesmo para o que os outros pensam, não me preocupo se eles não me conhecem, odeio fazer o que não estou a fim. Agora, sabem também, que posso dançar conforme a música por um tempo, se isso for necessário, e que não deixo recados, nem avisos, se estou insatisfeita, apenas me retiro.
E eu não vejo a hora de me retirar...
=/

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Não alimente os animais!


Dia 6 de novembro de 2008, 5h da tarde.

O sol estava mesmo de rachar. O dia que começou meio nublado, com ares de chuva, de repente abriu-se num céu azul e num sol de brilho radiante. Lembrei das andanças do Naziazeno, de Machado de Assis, por Porto Alegre: "O sol era uma moeda em brasa". E lá estavam todas aquelas pessoas, pouco ligando para o sol, para a possibilidade de chuva, ou o que quer que fosse que as condições climáticas as reservasse. Todas aquelas pessoas aguardavam a abertura dos portões do estádio "carinhosamente" conhecido como "Zequinha". Cerca de 40 minutos depois do horário previsto, abriram-se os portões. Sem muita tensão ou correria, pouco a pouco aquelas pessoas foram ingressando no estádio, preenchendo os espaços, acomodando-se nos lugares a elas destinados que mais lhes agradava.

Os que primeiro chegaram, que aguardaram na fila para pegar um bom lugar e agora aguardavam sentados sob a grama, tinham cerca de cinco horas de espera até o grande momento. O primeiro espetáculo da banda na capital gaúcha em trinta anos.

Para um "show de rock" e pela fila que se formou muito antes da abertura dos portões, poderia se esperar uma multidão de adolescentes impacientes e sedentos de uma aproximação calorosa até o palco. Mas o que encontramos foi uma platéia madura, trabalhadores que pediram dispensa do trabalho, que deixaram compromissos de lado para participar de um evento que na sua juventude teria sido magnífico, e que agora, mais do que magnífico, representava a confirmação. Afinal, trinta anos se passaram e a banda estava lá, com a formação original, com músicas mais vibrantes do que nunca, e com o mesmo compromisso social de outrora.

A espera foi longa e, por um bom tempo, as pessoas foram chegando silenciosamente e em grupos bem pequenos, o que mantinha a serenidade e o clima de "Redenção aos domingos", um mero encontro com os amigos no parque. Certamente se permitissem a entrada de cuias e bombas de chimarrão, muitos teriam levado as suas “mateiras” para aproveitar aquele final de tarde ao bom e velho estilo gaúcho.

Mas, na falta do chimarrão, o jeito foi sujeitar-se a exploração e pagar R$5,00 por um refrigerante, água, a cerveja eu nem sei quanto estava custando, tenho até medo de pensar.

A noite veio e grupos maiores foram chegando e tentando apoderar-se dos "melhores lugares", o que pressionou o pessoal a ir levantando acampamento e ir se organizando nas tradicionais "fileiras" a partir da "grade" (ah! a tão sonhada grade - a melhor posição para curtir um bom espetáculo). Os "burburinhos" dos "amigos no parque" transformaram-se em falatório em alto e bom som. Ouviam-se gargalhadas e exclamações. De repente, todos começavam a gritar juntos "ô da caixa, aqui!", ou "áaaaaguaaaaaaa". E lá vinha o atendente passando com a caixa velha de isopor em cima do ombro, abrindo caminho em meio a multidão para atender ao chamado. A caixa vinha pingando, nem as fitas adesivas que tentavam conter a água dentro dela resistiam a tanta pressão. Ele passava quase arrastando as pessoas, mas ninguém ligava, afinal "era preciso".

Quase nove horas da noite, já estavam todos devidamente enfileirados, voltados para o palco, rostos aflitos espremiam-se para ver o que se passava, já não estavam mais conseguindo esconder a ansiedade. Nove horas em ponto a banda de abertura sobre ao palco. O Nenhum de Nós, cujo vocalista estava vestido com uma camiseta do R.E.M, pede licença e inicia o seu show. Não se podia distinguir se o nervosismo na voz experiente de "Thedy Correa" devia-se as falhas de som, à responsabilidade de abrir um show daquele porte, se seria por ele estar ciente das tamanhas críticas que a sua banda havia recebido por ser a escolhida para aquela tarefa, ou se simplesmente ele estava também ansioso por aquele show, tão esperado há trinta anos. O certo é que foi a apresentação mais tensa que já vi do Nenhum de Nós, e um dos shows de abertura mais curtos que já havia visto.

Cerca de 30 minutos depois de entrar no palco, Thedy agradeceu ao público e brincou dizendo: "Ficamos por aqui, também queremos assistir a esse show de uma vez!". O público realmente pensava isso: "Que viesse logo o R.E.M", para que aquela sensação de impossibilidade fosse logo embora e pudessem ver "Michael Stipe", "Peter Buck" e "Mike Mills" em suas performances ao vivo.

O Nenhum de Nós se retirou e imediatamente uma multidão de técnicos invadiu o palco para a troca dos equipamentos. A aflição no público foi notável. Alguns grupos já ensaiavam em coros algumas das canções da banda, outros apenas pediam pelo espetáculo. Muitos estavam apenas esperando, pendurados na grade, já sentindo a pressão da massa atrás deles, e tudo o que eles conseguiam pensar era no momento em que a banda R.E.M subiria no palco e apresentaria o seu repertório de clássicos.

Dez horas da noite, "Michael Stipe", "Peter Buck" e "Mike Mills" sobem ao palco e a empolgante "Living Well Is The Best Revenge" abre o tão esperado show. No telão gigante do palco um "boa noite" comunica ao público: "o R.E.M está aqui"!

E os ansiosos e antecipados pressionados contra a tão sonhada grade espantam-se com a distância dos seus ídolos. A sua frente, não alguns seguranças e a banda, nem "Michael Stipe" a dominar o palco, mas uma multidão de pessoas que chegaram cinco horas depois deles, no entanto, tinham agora a oportunidade de ver, aproximar-se e tocar os seus ídolos.

É claro que eles sabiam daquela área, se indignaram quando souberam, depois ao chegar e vê-la com seus próprios olhos; mas foi quando Michael deu o seu primeiro pulo, seu primeiro giro e soltou a sua voz que isso se tornou verdadeiramente injusto e irritante. A frente deles “patricinhas” com seus saltos agulhas e roupas brilhantes em pleno gramado de um estádio de futebol, “playboys” ao celular, em círculos de amizades, conversando sabe-se lá o que, enquanto uma banda que tocava pela primeira vez em Porto Alegre, pela primeira vez no estado, que moveu centenas de pessoas a ficarem horas ao sol numa fila para terem chance de ver seus ídolos de longa data de perto, que estava dando o máximo de si para justificar toda aquela multidão que agora lotava o estádio...

Lá estavam eles, semi-enchendo um espaço que não os interessava de fato, não pelo espetáculo que acontecia as suas costas, mas pelo prestígio, pelo "status" que daria entre "a galera" dizer que estavam lá, na área VIP, num dos shows mais esperados do ano, e tendo chegado em cima da hora, estavam bem acomodados, bem servidos pela copa e seguros.

O momento de indignação passou assim que a banda terminou a primeira canção, desejou boa noite, falou da satisfação de estarem ali e começaram efetivamente o espetáculo mais grandioso que já assisti. Seja pela grandiosidade da banda, pelas suas músicas, pela postura de cada um deles, ou simplesmente por terem lembrado da grande espera pela qual passamos, tantos anos esperando por "Losing My Religion", "Imitation of Life" ou pela nem esperada "Everybody Hurts", a qual não foi tocada em nenhum outro show da América Latina. Uma banda que teve a sensibilidade de adequar o seu repertório aos anseios do seu público. Uma banda que desejou o "fim do mundo como o conhecemos" e tanto incitou para que nos sentíssemos bem.

Com suas músicas positivíssimas, adrenalizantes e encantadoras, o "povão da geral" até esqueceu da distância que os afastava do palco, mas não pôde deixar de perceber entre um período de tempo e outro, dos olhares curiosos daqueles a sua frente, com tanto espaço, sem qualquer interesse. POr vezes pensei: "Não alimente os animais" é o que devem pensar ao nos ver aqui, como animais enjaulados; em contra partida refletia: "será mesmo que somos nós os animais"? Essas são as diferenças e as discrepâncias causadas pelo capitalismo selvagem. E reafirmando essa cultura estigmatizadora, do povão saiu a placa que foi parar nas mãos de "Michael Stipe" em que dizia: "we are obama too". Também somos obama? Um presidente novo que deve seguir a política imperialista a fim de manter os americanos no topo, pisoteando-nos, pressionando-nos para essa miséria?

O intervalo do show acabou, voltei a concentrar-me no R.E.M, "Fall on me" e "Man on the moom" me tiraram do transe e do quase ódio que alimentei por aquela situação. O espetáculo grandioso a minha frente superou qualquer mau pensamento, fabuloso, espetacular, sensacional. Faltam palavras fantásticas que exemplifiquem com perfeição a leveza e a mágica daqueles momentos.

Duas horas depois do início do show, a banda despediu-se e eu, em meio a multidão, fui cantarolando R.E.M pela rua até encontrar um táxi que me levasse para casa. E ao chegar em casa cansada pensei: que noite, mas, "I feel fine!"

:D
O Texto é longo, mas a Lia disse que eu podia!!!!

quinta-feira, novembro 06, 2008

Agradecimento! Obrigada deos pelo R.E.M


Agradeço ao dia em que fui inconseqüente, burlei o sistema e acessei sites de notícias enquanto atendia aquele cliente;
Agradeço a minha teimosia e espírito independente, o qual me fez sair de casa sem pensar duas vezes;
Agradeço a minha insistência e teimosia [2] de ter comprado aquele primeiro CD do R.E.M.
Que se danem as críticas recebidas: por ter parado para ler notícias sobre o lançamentos de CDs, ter saído de casa, ter insistido que era importante para mim comprar um CD por que havia lido a respeito dele e gostado muito do que li, que não estava comprando somente pela capa, a qual tem uma imagem da lua, o que muito me agradou, quando na verdade eu queria apenas mostrar que eu podia sim comprá-lo se eu quisesse.
Agradeço ao R.E.M por ter colocado uma imagem tão legal na capa do CD de hits motivando-me a comprá-lo e, depois, motivando-me a seguir em frente. O "the best of", que causou tanta polêmica na "Saraiva", foi meu bote salva-vidas;
Agradeço ao Nenhum de Nós por ser uma banda tão legal, e por, em função disso, ter me motivado a entrar no google e procurar por informações sobre o show do R.E.M - já que abrem o show da banda em Porto Alegre.
Agradeço ao Babe, que me apoiou, enfrentou "his dad", e virá comigo!E aqui estou, no dia do show, já entrando no clima para esse grande momento!
Agradeço a Patita, sem ela eu chegaria tarde, com ela, chegarei cedo! \o/
Se der, em breve estarei de volta, com imagens e histórias deste que promete ser um verdadeiro espetáculo, cheio de significados importantes!
:D

quinta-feira, setembro 18, 2008

"Olha lá quem vem do lado oposto
E vem sem gosto de viver
Olha lá que os bravos são escravos
Sãos e salvos de sofrer
[...]Eu que já não quero mais ser um vencedor,
Levo a vida devagar pra não faltar amor"

Houve um tempo em que tudo o que ouvia me dizia alguma coisa e só sabia dizer através de canções.Hoje é tempo de se divertir com as canções, tirar dela o que elas têm de bom, mas cuidar as palavras que digo, dizer bem e ouvir mais.A dádiva do silêncio tantas vezes mencionadas nesse blog me remete a pensar e analisar o que se passa hoje. Certas palavras nunca perdem a sua força e muitas coisas nunca mudam mesmo, por mais que a se queira ser otimista e pensar o contrário...Não, nada de exposição em demasiado, deixemos que as letras de música continuem a expor o que quer que nos tenham a expor, aceitemos o que nos for interessante, relevemos aquilo com o que não nos identifiquemos.Que essa maré de silêncio seja enfim quebrada, que os ventos mudem, a vida siga...
=]

quinta-feira, maio 22, 2008

De pedaços...
Somos partes de outras partes, fazemos parte de tudo e acabamos sendo nada. É bom ter noção disso, partir desse princípio para chegar a algum lugar. Parar por aí seria de um inutilidade sem tamanho, não compreender o propósito disso é de uma estupidez sem tamanho, assim como deixar frases soltas, pendências, a vida suspensa...
De nada adianta saber o caminho e não percorrê-lo, de nada adianta enxergar e não querer ver, ouvir e não poder assimilar o que se ouve. Nesse caso o intelecto não é estimulado, tudo perde o sentido, é como se fossemos nada. Daí a importância de se ter consciência da própria existência, da extensão das coisas, e a que parte pertecemos.
:O
Very good!
Será que o maníaco do ombro publicaria essa! =P

quinta-feira, março 27, 2008

"Não fale demais por não ter nada a dizer".
By Renato Russo, que estaria de aniverário hoje se não tivesse desistido de lutar contra a hipocrisia, a falsidade, o egocintrismo e a maldade humana. Certamente não foi apenas o HIV que o matou.

Considero o Renato um cara inteligente e sensível, sensível demais para suportar a incoerência dos seres que se dizem humanos. O mundo é cruel, a hostilidade das pessoas o deixa assim, e isso é bem difícil de aceitar. Muitos o julgaram fraco, o que chamam de fraqueza, prefiro chamar de "sensibilidade", não o culpo por desistir, afinal, cedo ou tarde, sempre temos que tomar uma decisão "aos olhos dos outros" errada. Mas só nós, e o diabinho que habita a nossa mente, é capaz de compreender os motivos que nos levam a desistir ou não do que quer que seja.

=/
Dia triste, dia de perceber como o mundo pode ser cruel e as pessoas infames .

"Vamos celebrar a estupidez humana" \o/

terça-feira, março 11, 2008

Set Adrift On Memory Bliss

Quando as coisas deixam de ser o que realmente parecem ser, é sinal de que temos um problema: ou mudamos o nosso ponto de vista, ou cansamos de nos enganar com tal fato, pessoa ou ação.

Sem dúvida, chegar a esse ponto é essencial, posto quê nos faz repensar, reavaliar os fatos, as atitudes e as decisões tomadas até então. Mas é preciso ter cuidado, verificar durante essa reciclagem se os motivos que nos levaram a essa reflexão não são um pouco mais profundos, se o problema está no mundo a nossa volta ou em nós mesmos.

É próprio de um perfeccionista convicto de suas ações culpar o mundo a sua volta, em outras fases, pode decidir que o problema está nele mesmo. Está errado tanto uma quanto a outra visão mencionada. O mundo não é de todo imperfeito, assim como nós também não o somos. Nem sempre é possível definir quem ou o que está certo ou errado. Daí entra a nossa capacidade de ter bom senso, poucos têm essa capacidade, eu mesma não sei se já conheci alguém que tivesse tal privilégio. Mas é preciso exercitar o cérebro e tentar separar razão de emoção e tentar esquecer, mesmo que por um segundo, que o mundo gira em torno do nosso próprio umbigo.

O resultado de tal exercício é calar-se, ainda que te exijam uma palavra; por mais descontente que se sinta; por mais necessidade que exista na idéia de uma comunicação verbal. É preciso esquecer, acima de tudo: esquecer e deixar passar. Como quando prendemos a respiração e mergulhamos no mar esperando que a onda passe.

Difícil é saber a hora de voltar e respirar outra vez.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Fevereiro de 2008

Passados vários dias desde o último post, passada a temporada de vestibular, as férias continuam... E a minha falta do que escrever também.

Esse ano está sendo realmente novo, como há muito não me acontecia; deixemos as explicações sobre minha vida pessoal de lado. =P

Sem um tema, uma motivação, deixo apenas esse recado: estou viva, ainda não perdi a capacidade de ler, de escrever, de opinar, de argumentar e de refletir, porém, não estou afim de escrever nada nesse momento. Por isso, deixo apenas esse post comunicando-lhes que não desisti do blog ainda, em breve devo escrever alguma coisa.

;)

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