Estava aqui pensando sobre qual livro escreveria quando percebi que terminaria de ler "Um passeio no jardim da vingança" hoje. E aqui estou, escrevendo logo depois de ler, que é sempre a melhor hora, quando ainda estou processando a história.
Autor (a): Daniel Nonohay
Editora: Novo Século
Série: Talentos da Literatura Nacional
Ano: 2016
ISBN: 9788542809275
O tempo todo a rede colabora para a trama, os carros que não precisam da intervenção dos motoristas aparecem como parte da cena, sem tirar a nossa atenção do que o personagem está fazendo. Um dos principais personagens usa um implante capaz de armazenar dados e "vasculhar a rede". Embora seja algo comum naquela época, tem acesso limitado aos ricos e "corajosos". O uso causa um pouco de estranheza entre as pessoas que o cercam, como algo anormal, de "gente louca", como o que muita gente tem ainda hoje sobre piercings e tatuagens. Achei esse recurso muito bom para os mais céticos, que duvidam que isso um dia seja possível, deixa a história toda mais crível.
O ponto que achei positivo é também um pouco negativo (pra mim), porque eu senti falta de mais descrições da Porto Alegre do futuro. Nesse aspecto acredito que o "fantástico" poderia ter sido mais explorada. Como Porto Alegrense fiquei curiosa por descrições da cidade e as transformações e diferenças em relação ao nosso tempo. Isso não mudaria a história em nada, mas eu curto descrições assim, que nos fazem imaginar e aprofundar um pouco mais na atmosfera dos personagens.
A revolta com as ações dos personagens ficam por conta do apego, a gente meio que prevê o resultado e quer se meter na história, pensa que o Ramiro poderia ter feito isso, ou aquilo, que a Amanda deveria ter sido mais esperta, e assim por diante. Dá vontade de salvar alguns personagens e liquidar com outros - esse é o nível de envolvimento com a história.
Num resenha que li no Blog Entre Óculos e Livros, a Thayenne Carter (genty, ela é Carter!!!) dizia sentir um pouco de desprezo pelo Ramiro pelo seu passado. Mas, pra mim o repúdio foi pelo "Velho", pelo "Josué" e cia. Incluo no "cia" o Fábio que, em princípio parecia ter se livrado do fardo. E no final da pena mesmo é do Rogério, mas não muita, ele é meio bosta.
Autor (a): Daniel Nonohay
Editora: Novo Século
Série: Talentos da Literatura Nacional
Ano: 2016
ISBN: 9788542809275
Sobre o universo de "Um passeio no jardim da vingança"
Daniel Nonohay, autor do livro, conseguiu algo que considero perfeito em estórias de ficção científica. O "novo" ou "fantástico" fica como pano de fundo em uma trama muito mais interessante do que o que faz dela ficção científica. Em sua obra os personagens vivem no futuro em que as redes de comunicação digital e a internet são muito evoluídas em relação ao que temos hoje. Não chega a ser fantástico, parece uma evolução possível até o ano em que eles vivem, e isso trás mais veracidade aos "fatos".O tempo todo a rede colabora para a trama, os carros que não precisam da intervenção dos motoristas aparecem como parte da cena, sem tirar a nossa atenção do que o personagem está fazendo. Um dos principais personagens usa um implante capaz de armazenar dados e "vasculhar a rede". Embora seja algo comum naquela época, tem acesso limitado aos ricos e "corajosos". O uso causa um pouco de estranheza entre as pessoas que o cercam, como algo anormal, de "gente louca", como o que muita gente tem ainda hoje sobre piercings e tatuagens. Achei esse recurso muito bom para os mais céticos, que duvidam que isso um dia seja possível, deixa a história toda mais crível.
O ponto que achei positivo é também um pouco negativo (pra mim), porque eu senti falta de mais descrições da Porto Alegre do futuro. Nesse aspecto acredito que o "fantástico" poderia ter sido mais explorada. Como Porto Alegrense fiquei curiosa por descrições da cidade e as transformações e diferenças em relação ao nosso tempo. Isso não mudaria a história em nada, mas eu curto descrições assim, que nos fazem imaginar e aprofundar um pouco mais na atmosfera dos personagens.
A divisão do livro é um choque!
Estava lendo uma história boa, ainda não muito envolvida (confesso), mas curiosa sobre o futuro do personagem. Ramiro parecia tão esperto com aquele implante na cabeça e de repente... O CHOQUE! A primeira parte do livro acaba, a gente fica sem chão e tem que lidar com uma mudança de linha temporal assim, do nada.
Como fã de Doctor Who e apreciadora de histórias de viagens no tempo e ficções científica, achei ok. Mas, conversando com pessoas que leram o livro, pra um leitor mais "normal" deu uma abalada nas estruturas. Mas, a confiança na estória não se perde, e a curiosidade só aumenta. A vontade é de ler tudo de uma vez e descobrir o que, afinal, vai acontecer, como vai se desenrolar aquela trama.
A divisão do livro em "livro I e II" e mais as suas partes dentro desses "livros" é disruptivo e um recurso muito bem empregado para atiçar a curiosidade. Ponto positivo! Alguns personagens que pareceriam periféricos se apresentados de início, mostram-se mais interessantes depois do ponto alto que faz desenrolar o restante da história.
Os personagens, e como tem personagens!
Do início ao fim do livro os personagens vão sendo descritos em detalhes e isso é imprescindível para a imersão no universo de "Um passeio no jardim da vingança". São muitos personagens, cada um tem papeis importantes e a forma como Daniel Nonohay vai articulando as suas ações é quase surpreendente. Quando pensa-se que eles vão seguir por essa linha, nada disso, eles mostram quem são e no fim concordamos que era isso mesmo que tinham que fazer.
Num resenha que li no Blog Entre Óculos e Livros, a Thayenne Carter (genty, ela é Carter!!!) dizia sentir um pouco de desprezo pelo Ramiro pelo seu passado. Mas, pra mim o repúdio foi pelo "Velho", pelo "Josué" e cia. Incluo no "cia" o Fábio que, em princípio parecia ter se livrado do fardo. E no final da pena mesmo é do Rogério, mas não muita, ele é meio bosta.
E por fim, Um Passeio no Jardim da Vingança
O livro é uma história já descrita por aí como policial, está classificado como ficção científica e eu não saberia onde encaixá-lo. A estória expõe muito do "ser humano", mesquinharia, orgulho, egoísmo, inveja, ou seja, o pior do ser humano e o que sabemos que existe aos montes por aí. Retrata também as diferenças sociais, a exclusão dos pobres (muitos deles desgraçados) e todo tipo de sujeira que mantém esse sistema (nem tão distante do nosso) funcionando.
E os meios que fazem levar aos fins (que não vou mencionar para não dar spoiler), retratam como todos os piores sentimentos humanos, aliados à perda e a injustiça gera vingança. E que "passeio"! Ao final do livro fiquei com essa sensação, dei um sentido pro título que nem sei se o autor havia cogitado ao defini-lo. O sentido de passeio/vareio. Parece que é de uma vingança que se trata o livro, mas ao longo da trama vê-se que, por orgulho, ódio ou o que for, quase todos os personagens têm alguma motivação. Exceto, claro, a igreja, que sempre fria e calculadamente consegue o quer. Sem mais detalhes, ela tem papel decisivo nos acontecimentos, o que nos faz refletir bastante.
Ah! E achei o livro muito sério, adulto e violento. Não a violência gratuita, ela se faz necessária e a gente espera mesmo que aconteça. E essa característica dá um tom sombrio pra obra. A escuridão vai tomando o cenário, até a tela se apagar, com o Epílogo genial!
Eu indico! E quem quiser saber mais sobre o Autor e sua obra, pode acessar o site: www.danielnonohay.com.br - Lá tem inclusive o primeiro capítulo em pdf para download.
=P
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