Senta, que lá vem textão! Antes de resenhar "O demônio das comparações", por Maurizio Ferrante, deixa eu contar como cheguei até ele!
Um dia cheguei do trabalho me sentindo ryca. Tudo porque tinha recebido um email da Amazon oferecendo R$10,00 de desconto em compras no site. Fui até lá pesquisar os livros de sempre: Doctor Who (estava namorando "12 Doutores - 12 Histórias" e alguns títulos mais "técnicos" como os livros do Clay Shirky. Mas, neste dia tinha um banner anunciando livros por preços imperdíveis, e me pus a navegar, lendo títulos, parando em um ou outro para ver quem era o autor, qual era o enredo.
Foi assim que, entre tantos títulos, encontrei "O demônio das comparações". Nunca tinha ouvido falar de Maurizio Ferrante, nem do que se tratava a obra. Li a sinopse do site, vi o preço, algo em torno de R$6,00 e pensei "por quê não?", e coloquei no carrinho, junto com "12 Doutores - 12 Histórias", afinal eu tinha dez real de desconto, "tava podendo".
Quando o livro chegou, a surpresa! Estava todo envelhecido, com manchas nas bordas, fedendo. Reclamei com a Amazon, eles foram rápidos em me mandar um novo exemplar. E, acreditem, estava no mesmo estado. Fiquei um pouco decepcionada, um pouco chateada, o pessoal do atendimento no Twitter pediu pra eu mandar o telefone... Mas, tinha pagado tão pouco pelo livro, dava pra ler, então deixei assim. Alguns dias depois, quando terminei de ler o livro anterior (Sherlock Holmes), mergulhei no universo desconhecido de um livro que nunca tinha ouvido falar.
E assim, entro no primeiro ponto muito positivo: o autor escreve bem demais, se não contassem que é italiano eu não acreditaria. A escrita é de um lirismo delicioso, a forma como brinca com as palavras, que sugere e cria imagens em nossa mente, é fantástico! Mesmo os contos que eram mais fraquinhos, ou que não me interessaram tanto, foram muito bons de ler pelo estilo do autor - que por sinal é engenheiro, quebrando mais um preconceito na minha cabeça.
Em alguns, como no "A subida da serra" e no "A balança dos pesos viciados que no fim das contas pesava certo" o conto está em primeira pessoa e subitamente passa a continuação para outro interlocutor. Alguns interrompem a narrativa, de repente, com um diálogo inesperado. A sensação é a mesma de quando se está quase dormindo em frente a TV e um ruído quebra a ordem das coisas e nos faz querer entender o que estava acontecendo até ali, e depois daquele ponto não conseguimos mais desviar a atenção.
As estratégias que o autor usa são geniais, e o gosto pela leitura vai aumentando a cada conto, apesar dos desfechos, apesar da estranheza, ou da tristeza que bate depois de alguns deles. Há muita nostalgia envolvida em muitos deles, personagens remexendo memórias, compartilhando angústias. É um conteúdo denso que, disfarçado pela escrita poética, se torna leve e a leitura flui.
Enquanto seguia com a leitura de um conto e outro, ficava tentando entender pra onde o autor queria nos levar. Remexi algumas memórias, inspirei-me para escrever uns contos na oficina de escrita literária, e comecei a pensar liricamente enquanto lia esse livro. Acho que assim, pensando sobre tudo isso, entendi a proposta do autor.
Eu estava numa onda bem livro de ficção científica, mistério, coisas de outro mundo. Esse livro quebrou a minha rotina literária, e foi muito bom. Mas, daí, o autor surpreende de novo com "A história que não poderia ser contada", que de certo modo é futurista, apocalíptica e meio syfy, com final irônico muito bom; e também com "A segunda costela" que nos faz voltar 100.000 anos e pensar um pouco sobre como nasceu a amizade mais linda que pode existir, entre homem e o cachorro.
Sério, o livro como um todo é lindo e vai agradar qualquer pessoa que aprecie a boa leitura. Então, recomendo muito.
Aliás, a surpresa foi tão positiva que me arrisquei a ler um e-book outro dia, baixado de graça, cuja resenha está no post anterior. Prova de que sair um pouco da curva pode ser uma boa ideia.
E isso me faz lembrar, inclusive, da minha próxima leitura. "Lá vem todo mundo", por Clay Shirky. Bem, como dia a minha bio aqui no blog, sou Relações Públicas de formação, não tenho a felicidade de viver de blog, sou Social Media, e preciso ler obras da minha área também. Mas, algo me diz que essa vai ser mais uma boa leitura, pois fala de algo muito curioso dos seres humanos, a mania de seguir as multidões. Nunca entendi isso, e a expectativa pro livro é compreender melhor esse comportamento.
Espero conseguir escrever uma resenha sobre ele. Talvez mesclando com a do "Contágio: por que as coisas pegam" que, estou achando que seguem uma ideia próxima, ainda que o Shirky pareça mais técnico. Veremos!
=P
Um dia cheguei do trabalho me sentindo ryca. Tudo porque tinha recebido um email da Amazon oferecendo R$10,00 de desconto em compras no site. Fui até lá pesquisar os livros de sempre: Doctor Who (estava namorando "12 Doutores - 12 Histórias" e alguns títulos mais "técnicos" como os livros do Clay Shirky. Mas, neste dia tinha um banner anunciando livros por preços imperdíveis, e me pus a navegar, lendo títulos, parando em um ou outro para ver quem era o autor, qual era o enredo.
Foi assim que, entre tantos títulos, encontrei "O demônio das comparações". Nunca tinha ouvido falar de Maurizio Ferrante, nem do que se tratava a obra. Li a sinopse do site, vi o preço, algo em torno de R$6,00 e pensei "por quê não?", e coloquei no carrinho, junto com "12 Doutores - 12 Histórias", afinal eu tinha dez real de desconto, "tava podendo".
Quando o livro chegou, a surpresa! Estava todo envelhecido, com manchas nas bordas, fedendo. Reclamei com a Amazon, eles foram rápidos em me mandar um novo exemplar. E, acreditem, estava no mesmo estado. Fiquei um pouco decepcionada, um pouco chateada, o pessoal do atendimento no Twitter pediu pra eu mandar o telefone... Mas, tinha pagado tão pouco pelo livro, dava pra ler, então deixei assim. Alguns dias depois, quando terminei de ler o livro anterior (Sherlock Holmes), mergulhei no universo desconhecido de um livro que nunca tinha ouvido falar.
Resenha: O demônio das comparações, por Maurizio Ferrante
Primeiro é importante dizer que o livro, diferente do que eu esperava - acho que essa era a única expectativa formada sobre ele - é na verdade um livro de contos - 12 contos para ser mais exata. Na apresentação, Deonísio da Silva, Geraldo Galvão Ferraz e Ignácio de Loyola Brandão contam um pouco sobre o título "O demônio das comparações", sobre o autor, que é italiano, e de como ele veio a fazer parte do cenário literário brasileiro. O conto que leva o nome do livro ganhou um concurso literário e surpreendeu os "jurados" quando estes descobriram que tinha sido escrito por um italiano.E assim, entro no primeiro ponto muito positivo: o autor escreve bem demais, se não contassem que é italiano eu não acreditaria. A escrita é de um lirismo delicioso, a forma como brinca com as palavras, que sugere e cria imagens em nossa mente, é fantástico! Mesmo os contos que eram mais fraquinhos, ou que não me interessaram tanto, foram muito bons de ler pelo estilo do autor - que por sinal é engenheiro, quebrando mais um preconceito na minha cabeça.
Os 12 contos em "O demônio das comparações"
Os contos têm um ponto em comum, e que é esperado de um conto: todos são carregados de sentimentos, memórias e histórias marcadas por uma "quebra" ou surpresa, ou tragédia. Algumas estórias são focadas no cotidiano, um dia qualquer em que algo diferente aconteceu, outras narram um passado de outra personagem.Em alguns, como no "A subida da serra" e no "A balança dos pesos viciados que no fim das contas pesava certo" o conto está em primeira pessoa e subitamente passa a continuação para outro interlocutor. Alguns interrompem a narrativa, de repente, com um diálogo inesperado. A sensação é a mesma de quando se está quase dormindo em frente a TV e um ruído quebra a ordem das coisas e nos faz querer entender o que estava acontecendo até ali, e depois daquele ponto não conseguimos mais desviar a atenção.
As estratégias que o autor usa são geniais, e o gosto pela leitura vai aumentando a cada conto, apesar dos desfechos, apesar da estranheza, ou da tristeza que bate depois de alguns deles. Há muita nostalgia envolvida em muitos deles, personagens remexendo memórias, compartilhando angústias. É um conteúdo denso que, disfarçado pela escrita poética, se torna leve e a leitura flui.
Enquanto seguia com a leitura de um conto e outro, ficava tentando entender pra onde o autor queria nos levar. Remexi algumas memórias, inspirei-me para escrever uns contos na oficina de escrita literária, e comecei a pensar liricamente enquanto lia esse livro. Acho que assim, pensando sobre tudo isso, entendi a proposta do autor.
Eu estava numa onda bem livro de ficção científica, mistério, coisas de outro mundo. Esse livro quebrou a minha rotina literária, e foi muito bom. Mas, daí, o autor surpreende de novo com "A história que não poderia ser contada", que de certo modo é futurista, apocalíptica e meio syfy, com final irônico muito bom; e também com "A segunda costela" que nos faz voltar 100.000 anos e pensar um pouco sobre como nasceu a amizade mais linda que pode existir, entre homem e o cachorro.
Sério, o livro como um todo é lindo e vai agradar qualquer pessoa que aprecie a boa leitura. Então, recomendo muito.
Sou diferentona mesmo!
Fora toda a surpresa e descobertas, fiquei mais inspirada a me aventurar em obras de que ninguém fala. Aliás essa parece ser a minha sina: ser indie, além da música, até no gosto literário. Enquanto todo mundo só fala de Stephen King, ou de 1099889 tons de cinza e outros best sellers, lá vai eu, saindo da curva e me divertindo com obras únicas de autores nem tão populares. Vale até um "muito obrigada" editoras como a "Escrituras" que tornam esse momento possível. :PAliás, a surpresa foi tão positiva que me arrisquei a ler um e-book outro dia, baixado de graça, cuja resenha está no post anterior. Prova de que sair um pouco da curva pode ser uma boa ideia.
E isso me faz lembrar, inclusive, da minha próxima leitura. "Lá vem todo mundo", por Clay Shirky. Bem, como dia a minha bio aqui no blog, sou Relações Públicas de formação, não tenho a felicidade de viver de blog, sou Social Media, e preciso ler obras da minha área também. Mas, algo me diz que essa vai ser mais uma boa leitura, pois fala de algo muito curioso dos seres humanos, a mania de seguir as multidões. Nunca entendi isso, e a expectativa pro livro é compreender melhor esse comportamento.
Espero conseguir escrever uma resenha sobre ele. Talvez mesclando com a do "Contágio: por que as coisas pegam" que, estou achando que seguem uma ideia próxima, ainda que o Shirky pareça mais técnico. Veremos!
=P
Pela empolgação parecem bons mesmo os contos. Quanto aos best selers que andam por aí, Não tenho paciência. Muito chover no molhado. Na maioria, são muito apelativos. Mas, parece que caem no gosto da maioria. Ainda bem que há leitura pra todos os gostos. E descobertas assim como deste autor, pra nós antes desconhecido, não têm preço.
ResponderExcluirPela empolgação parecem bons mesmo os contos. Quanto aos best selers que andam por aí, Não tenho paciência. Muito chover no molhado. Na maioria, são muito apelativos. Mas, parece que caem no gosto da maioria. Ainda bem que há leitura pra todos os gostos. E descobertas assim como deste autor, pra nós antes desconhecido, não têm preço.
ResponderExcluirÉ bem isso. A gente lê o enredo/sinopse/resenhas e percebe que todos têm o mesmo conteúdo no fim das contas. Acho válido para angariar novos leitores, que tomem gosto pela leitura e, quem sabe, venham a apreciar outros gêneros, mas só.
ExcluirNão consigo ler livros de ficcao. Para mim isso é coisa do passado. Li essa resenha, porque conheço pessoalmente o author. Se não fosse isso, passaria longe.
ResponderExcluirComo literatura, o registro de um tempo, o entretenimento... Pode ser coisa do passado? No sentido de obsoleto? Não vejo sentido nesse comentário...
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