terça-feira, maio 18, 2021

O que define uma obra como de ficção científica?

 Já parou pra pensar nisso? Como definir o que é um livro de ficção científica?



Essa reflexão serve tanto para quem está chegando no “sci-fi”, quanto para quem já lê o gênero há algum tempo. Tem um vídeo aqui no IGTV falando sobre “O que é Ficção Científica?”, mas ele não discute bem o que pensei para este post. Então vamos lá!

De modo geral, para ser considerado ficção científica, a história precisa de algum apelo tecnológico explicado e/ou com embasamento científico. São nestes quesitos que o sci-fi se diferencia da fantasia.

Falando de clássicos do Sci-fi, não por acaso muitos autores pareciam “prever o futuro”, eu até brinco que Clarke e Asimov deram uma espiada no futuro e voltaram para escrever suas obras. Mas, é uma sacanagem com os autores, que tinham compromisso com a ciência. Asimov era cientista, Clarke interessado em ciência e inventor.

Embora nem tudo na obra desses autores antigos se confirme, eles sabiam o que estava sendo pesquisado e em vias de ser implementado ou aceito pela comunidade científica. E por isso, ainda que adicionasse um pouco mais criatividade as suas histórias, elas seguiam numa direção muito interessante, inspirando invenções inclusive.

O cérebro positrônico, por exemplo, não tem explicação, mas a lógica foi muito bem testada antes da publicação do primeiro conto de robô do Asimov. A coisa é tão boa que os roboticistas usam as leis da robótica até hoje. A robótica, inclusive, foi uma palavra inventada pelo autor.

Mas, nem só de tecnologia vive a ficção científica! Além do steampunk, cyberpunk e outras subcategorias que lidam com invenções tecnológicas, temos a divulgação científica por meio da ficção. Encontramos esse estilo em Jules Verne (ícone), Augusto Emílio Zaluar com “O Doutor Benignus” e “Contato” de Carl Sagan.

Há também as Distopias, e muitas delas transitam muito mais pela fantasia do que pela ficção científica. Mas, as clássicas, costumam imaginar um futuro que a humanidade seguiu e que deu muito errado. Nem sempre envolve tecnologia, mas geralmente mostra como o uso incorreto dos recursos e conhecimentos levou aquele caminho ruim.

Um exemplo muito bom: a trilogia Maddadão, da Margaret Atwood, que fala de como as experiências em genética e os “avanços” da indústria farmacêutica ferrou com o planeta. E a partir disso, como o ser humano reagiu, o que deixou de fazer, como vai lidar com a nova realidade?

E aqui entro num outro tema, área de outro muso, Sr. Philip K Dick: a realidade. Muitas histórias atuais querem explorar esse elemento sci-fi e acabam partindo para fantasia. Os motivos são muitos. Na busca de um lugar estranho, mistura esoterismo, sonho, “blá blá blá quântico”, ou teorias especulativas bem questionáveis.

A foto do post serve para indicar o que eu gosto: sci-fi comprometido com a ciência. Não precisa ser exatamente divulgação científica, mas precisa fazer sentido. E mais, não aceito uma história que se pretende sci-fi usando uma teoria já testada e comprovadamente errada, como verdadeira. Porque aí é prestar um desserviço à ciência. Né?


E você? O que considera um bom sci-fi, já foi enganado por uma fantasia disfarçada? Conta aí!


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