sexta-feira, fevereiro 14, 2025

Resenha | A vida mentirosa dos adultos por Elena Ferrante

 “A vida mentirosa dos adultos” foi minha primeira leitura de Elena Ferrante. Como acompanho lançamentos e livros que ficam famosos na internet, via o nome de Elena Ferrante com bastante frequência, mas nunca tive muita curiosidade para conhecer o seu trabalho, não sei porquê. E no fim, esse livro foi minha primeira leitura de 2025.


Gosto de começar o ano com uma leitura mais significativa, histórias mais complexas e reflexivas, e achei que essa seria uma boa ideia. Adiantando um pouco minha opinião sobre “A vida mentirosa dos adultos”, foi, mas não pelos motivos que eu imaginava.

Neste texto quero falar um pouco mais do que a minha opinião pela obra em si, abordando:

  • sinopse;
  • quem é Elena Ferrante;
  • motivos para ler “A vida mentirosa dos adultos”;
  • minhas impressões, a resenha propriamente dita;

E se escolhi esses tópicos e ordem das informações é por que a resenha vai fazer mais sentido com o contexto.


Sinopse de “A vida mentirosa dos adultos”

As mudanças no rosto de Giovanna anunciam o início da adolescência e não passam despercebidas em casa. Dois anos antes de abandonar a família e o confortável apartamento no centro de Nápoles, Andrea não se dá conta do que sentencia quando sussurra para a esposa que a filha é muito feia. Essa feiura estética, mas que também indica uma possível falha de caráter, recai sobre Giovanna como uma herança indesejável de Vittoria, a irmã há muito renegada por Andrea. Aos doze anos, a menina vê um rosto no espelho e, embora não compreenda a fundo o peso daquela comparação, sente que algo está irremediavelmente à beira de um abismo.

Peguei apenas esse trecho da sinopse publicada pela Intrínseca https://intrinseca.com.br/livro/a-vida-mentirosa-dos-adultos/ porque acredito que ela já dê uma ideia do que acontece na história, mas se você quiser ler por completo, clique no nome da editora, que coloquei o link, ou veja a sinopse na Amazon clicando aqui


Quem é Elena Ferrante?

"Elena Ferrante é o pseudônimo de uma escritora italiana, cuja identidade é mantida em segredo." Eu confesso que fiquei surpresa quando li essa frase na bio publicada na Wikipedia. Essa pessoa tem oito romances publicados, sendo o primeiro deles 'A Amiga Genial', que inclusive virou série. Elena Ferrante foi eleita pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2016, mesmo sem saberem quem ela é? Fiquei me perguntando, e se for um homem? Por que "as pessoas" têm tanta certeza de que é uma mulher? Considerando o conteúdo de "A vida mentirosa dos adultos" fiquei, sim, duvidando dessa biografia especulada para a pessoa que escreve os romances.

Apesar de parecer um grande mistério, a identidade da autora já foi desvendada, o que só descobrir depois de ler. Se quiser saber mais sobre isso, leia a reportagem do El Pais

Enfim, achei essa questão bastante curiosa e essas informações se juntaram ao contexto para as minhas impressões sobre a leitura. Se não dá para separar obra de autor, como faz neste caso de um pseudônimo?


Motivos para ler “A vida mentirosa dos adultos” de Elena Ferrante

Estava procurando livros abordando a bisexualidade, porque sou dessas, que explorasse a descoberta e a vivência dessas pessoas. Obviamente me interessava a vivência de mulheres, de preferência adultas. Algo que está em falta nessa “área” diga-se de passagem. Vemos muitos livros com abordagem LGBTQIAP+, mas normalmente com personagens adolescentes, já com uma revelação e descoberta mais atualizada com os novos tempos. 

Sem querer desmerecer as questões dos mais jovens, noto que pouco se fala de pessoas da minha geração que, acredito, tenham questões e problemas diferentes, com a descoberta tardia, com dramas mais específicos. E era sobre isso que queria ler, conhecer, entender e etc.

“A vida mentirosa dos adultos”, de Elena Ferrante, surgiu nas minhas pesquisas e era isso que esperava encontrar nessa leitura. 


Resenha de “A vida mentirosa dos adultos”

Agora que vocês já entenderam o contexto do livro e as expectativas que eu fui criando antes e durante a leitura, vamos as minhas impressões!

Sobre a leitura: é bastante fluida, gostei muito do estilo de Ferrante escrever. É o tipo de escrita que nos envolve na história, é simples sem ser simplista. Entendi por que os livros são famosos e a notoriedade que a autora ganhou com as suas publicações. Foi bom de ler. 

No início a história parece que vai ser um romance de cotidiano, e isso me deixou um pouco confusa, porque não tinha certeza se era esse tipo de livro. Conforme acompanhava o “amadurecimento” de Giovanna, identifiquei-me com muito do que ela estava passando. O que mostra um domínio muito grande da pessoa escritora sobre o seu texto. As imagens são bem realistas e muito vivas para o leitor.

Mais para o meio do livro, eu fiquei ainda mais confusa sobre onde essa história iria dar, porque muitas questões são levantadas e vão sendo abandonadas para dar foco em outras e as ideias meio que se perdem ao longo da narrativa. O final é meio sem sentido, quando terminei fiquei pensando, pensando… sem conseguir chegar a uma conclusão. Dias se passaram e ainda não sabia ao certo sobre o que eu tinha lido. E foi então que comecei a criar algumas teorias a respeito da obra. 

Primeiro, a questão da sexualidade, que alguns disseram ser explorada, mas que é minimamente citada. Por quê? Eu especulo que as situações em que as personagens são colocadas expõem a sexualidade para quem se identifica com elas. O desgosto com homens, o sentimento de não se encaixar no convívio social, de não atender às expectativas sociais de gênero. É sutil? Acho que depende do olhar e da vivência do leitor.

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A confusão de temas e cenários envolvendo as personagens… Talvez Elena Ferrante tenha nos colocado na mente de uma adolescente, confusa, passando por todos aqueles problemas sem saber priorizar o que importa, sem saber como lidar com tudo aquilo? É uma saída possível, porque a história é contada do ponto de vista dessa personagem. Quem já foi adolescente sabe que essa não é a melhor das fases, que a nossa mente fica um tanto perturbada, ainda mais quando temos, de fato, algo visto como “errado”. É interessante pensar dessa forma, e isso me tomou algumas horas de reflexão.

Logo, se preciso definir o que achei do livro de maneira objetiva, digo que gostei. É um bom livro, que nos faz pensar, tem a complexidade que eu esperava, mas ele foi bom por motivos diferentes do que imaginava. E ser surpreendida por uma leitura, num mundo em que todas as histórias parecem mais do mesmo, certamente é uma boa forma de começar o ano de uma leitora. 🙂

Seja como for, se você chegou até aqui e está considerando a leitura de “A vida mentirosa dos adultos” vá em frente. Leia, depois me conte o que achou. Caso tenha chegado aqui porque leu e não sabe se entendeu, espero que tenha gostado das minhas impressões. Aproveite e deixe as suas aí nos comentários. Vou adorar saber a sua opinião. 

No mais, pesquisando sobre o livro para complementar o post, descobri que em 2023 a Netflix lançou uma série baseada no romance. Vou deixar o trailer aqui pra vocês. Já vi algumas alterações foram feitas nas personagens, e gostei. Acho que fazem mais sentido.


Trailer da série “A vida mentirosa dos adultos”:



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