quinta-feira, junho 01, 2017

Resenha: Caixa de Pássaros, por Josh Malermann

Aprendi uma nova lição com esse livro. Todo mundo sabe que não se deve julgar um livro pela capa. Pois, aprendi que também não se deve julgar um livro pelo que falam dele!

Depois que li a sinopse do "Caixa de Pássaros" fiquei bem interessada em comprá-lo. Sempre que alguém publicada alguma resenha eu dava uma lida por cima, para tentar evitar spoilers. E li algumas que quase me desanimaram. Muitas pessoas elogiavam o enredo, mas consideravam o final decepcionante, ou no mínimo "que deixa a desejar". Apesar disso, não pensei duas vezes quando o vi numa promoção da Amazon e comprei.

E já digo agora: valeu cada centavo, o livro é muito bom. Não deixem de ler se tiverem a oportunidade. Link para comprar na Amazon aqui.



Resenha: Caixa de Pássaros, por Josh Malermann

Comecei a ler sem muita expectativa, ignorei inclusive os elogios tecidos na capa, que comparavam a genialidade de Malermann com a de Stephen King. Não é bem isso, mas fala que quem gosta de Stephen, pode vir a gostar de "Caixa de pássaros". Eu ainda não li Stephen King, e esse foi meu primeiro livro de suspense/terror. Então, tudo foi novo nessa experiência.

A história tem um narrador à parte dos fatos, como se estivesse assistindo ao que acontece. Ele vai descrevendo tudo nas cenas, e a forma como o faz, gera ansiedade. Frases curtas. Pontos e novos parágrafos, repetições, que vão te enchendo de expectativa e te fazendo vivenciar o que se passa com os personagens. Por vezes, a narrativa passa para Malorie, personagem principal, e temos acesso aos seus pensamentos, sua visão sobre o que se passa, e quase enlouquecemos junto com ela. Achei isso genial.

Malorie está saindo de casa e pegando o rio com seus dois filhos, uma menina e um menino, ambos com 4 anos de idade. Os três estão vendados e ela repete o tempo todo para eles não tirarem a venda em hipótese alguma. É assim que somos apresentados a personagem e a essa história. Além do esquisito, por que uma pessoa tem que sair de casa e descer o rio vendada?, bate aquela curiosidade de saber como eles chegaram a esse ponto.

Os capítulos vão sendo intercalados entre a aventura da mãe com seus filhos no rio e flashbacks do que aconteceu até que eles chegassem ali. Seja no presente ou no passado, tudo é surpreendente e fiquei vidrada na história querendo saber o que acontecia em ambas as situações. Suspense puro, um toque leve de terror, e uma narrativa que te prende do início ao fim.

Eu leio nos ônibus ao me deslocar durante o dia. A cada vez que precisava interromper a leitura, ficava pensando sobre o que estava acontecendo naquele universo, e pensando como eu reagiria no lugar de Malorie. Imaginava como seria viver nesse mundo, em que não se pode mais usar a visão. Ou seja, era uma imersão total na estória, e até agora não sei ao certo que estratégia maravilhosa é essa que o autor usou. 

Enquanto lia Caixa de Pássaros foi inevitável comparar com outras histórias de certo modo semelhantes. Como em "Ensaios sobre a cegueira", de Saramago, em que as pessoas precisam se adaptar ao mundo novo, em que todo mundo é cego. O caos que se instala é parecido, mas a ameaça vem dos mais adaptados e não do desconhecido como em Caixa de Pássaros. Também me fez lembrar de "The walking dead", afinal as pessoas acabam se isolando, sem saber quem ainda vive nesse novo mundo. Mas, em "The walking dead" eles podem ver e fugir do "zumbi", que é a ameaça que muda a existência na Terra.

O mundo em Caixa de Pássaros é apocalíptico, fim do mundo como o conhecemos por razões bem atípicas e desconhecidas. Por isso, mais do que uma aventura e um suspense, a obra suscita algo do comportamento humano. Como cada pessoa reage diante do inesperado, provavelmente sobrenatural? A loucura, o ceticismo, a inovação, a liderança, a capacidade de se relacionar com outras pessoas, a bondade, a maldade, a solidariedade, tudo é colocado a prova em cada um dos personagens. E vamos nos identificando com uns, odiando outros, compreendendo a todos.

Assim como em "The walking dead" e em "Ensaios sobre a cegueira", em "Caixa de pássaros" as pessoas também chegam no limite paranoico de temer perder o pouco que tem: a comida escassa, o abrigo, a pouca segurança conquistada. É quando os conflitos começam, onde seus limites "humanos" são colocados a prova. Todas essas histórias fala sobre sobreviver em um mundo hostil, complicado. Mas, só em "Caixa de pássaros" tem um medo do desconhecido.

Os personagens questionam o tempo todo o que pode ser, o que de fato causa e o que quer causar as pessoas. Para alguns a ameaça não passa do uso do medo e paranoia do próprio ser humano contra ele mesmo. A verdade é que tentar descobrir é arriscado, e com medo, muitos enlouquecem. E nós, lendo essa história, vamos ficando com as mesmas dúvidas e tentando desvendar o mistério.

E no fim, que para alguns foi decepcionante, eu me emocionei. Não posso falar nada que comprometa a história. O que posso dizer é que entendi que o livro se trata de uma mulher, uma sobrevivente, descendo o rio com os filhos em busca de salvação (ou algo do tipo), como os sobreviventes de "The walking dead" procurando um lugar melhor, quando saem de Atlanta e vão para Washington. Aceitando isso, o final fica coerente e muito bom.

O alívio depois do ápice tenso e triste, a alegria das crianças e da Malorie com o momento família que acontece ali, pequeno, singelo, mas tão representativo. Acho que o autor foi sábio e fechou a história da melhor maneira possível.


>>>POTENCIAL SPOILER<<<<
Tentar explicar algo tão misterioso poderia, daí sim, acabar com o livro e dar desgosto pela leitura feita até ali. Só acho. 

=P

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